São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
JANIO DE FREITAS O que lhe cabe
O NÚMERO É FÁCIl de memorizar, e vale a pena fazê-lo. É o 33, que tem celebridade até evangélica. Convindo apenas juntar-lhe, no caso atual, antes o símbolo R$ e depois a palavra bilhões. Tal é o valor definido pela colunista Dilma Rousseff, em seu recente texto de "Conversa com a presidenta" (quer dizer, com a presidente), para os gastos do governo com a Copa no Brasil. Valor correspondente aos 68% com que o governo entrará, conforme a mesma colunista, no custo de construção ou melhoria em transporte, segurança, aeroportos e outros trabalhos de infraestrutura. Entre o orçamento e o custo real de obras públicas no Brasil, são conhecidos os milagres que as máquinas de somar e as notas fiscais produzem, como regra imutável. O que faz com que o custo já nasça estourado. Mas os citados R$ 33 bilhões têm ainda um agravante. Além desse gasto direto, haverá, e já há em parte, os financiamentos da Caixa Econômica Federal e do BNDES para integralizar os 32% do gasto total que não entraram na cifra da colunista. E mais, em paralelo aos gastos com infraestrutura urbana, aquelas duas torneiras de dinheiro vão financiar também a estrutura esportiva, os novos estádios, os campos de treinamento e as aprazíveis concentrações para as várias delegações estrangeiras. Todo esse conjunto de financiamentos a juros privilegiados. E, em grande parte, financiamentos e juros não recebíveis senão muito mais do que a perder de vista: os financiados são entidades esportivas já estranguladas por dívidas, quase todas, e administrações municipais e estaduais que, como regra geral, são devedoras a multidões de credores. Todos os financiamentos e juros privilegiados, adicionais aos R$ 33 bilhões, têm um custo, que sabemos quem, afinal, paga. Mas fique com o número oferecido pela conversa da presidente. E divirta-se com a altitude a que chegará, na realidade. É tudo o que você pode fazer a respeito. AS IRMÃS A crise do DEM chama a atenção porque, sendo já antiga, o prefeito Gilberto Kassab deu-lhe ares de escândalo, com a publicidade de sua pretendida atração de correligionários para uma debandada gorda. Mas, a rigor, a situação interna do PSDB não tem diferenças essenciais da crise de divisões e incompatibilidades instalada no DEM. Não é por outro motivo que se diz, com propriedade, que na substituição do comando demista, anteontem, José Serra saiu derrotado e o também peessedebista Aécio Neves está vitorioso, com a ascensão dos seus simpatizantes no DEM. As crises são irmãs siamesas. Gilberto Kassab, por sua vez, levou o DEM à beira da implosão, mas não é pouco provável que o seu plano seja a vítima final de implosão. O artifício de criar um partido (PDB) e depois fundi-lo com outro (PSB ou PMDB) é uma burla exposta com tanta evidência, contra a lei restritiva de transferências partidárias, que o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal seriam quase obrigados a derrubá-la. Até por coerência com sua decisão que impôs restrições às transferências. Parece mais fácil dar uma rearrumada no DEM, para a qual o novo presidente José Agripino Maia tem competência bastante, do que produzir convivência real na cúpula do PSDB. Texto Anterior: Foco: Petistas e tucanos brigam por primeiro lugar em fila para CPIs Próximo Texto: DEM alinhado com Aécio é "mito", diz novo presidente Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |