São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Nova acusação de lobby na Casa Civil derruba Erenice

 DEMISSÃO FOI DECIDIDA POR LULA PARA NÃO PREJUDICAR CAMPANHA DE DILMA   PAULO BERNARDO É UM DOS COTADOS PARA O CARGO

Alan Marques/Folhapress
Porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach lê pedido de demissão de Erenice Guerra

VALDO CRUZ
SIMONE IGLESIAS
KENNEDY ALENCAR

DE BRASÍLIA

Braço direito de Dilma Rousseff no governo, Erenice Guerra não é mais a ministra da Casa Civil. Caiu depois que sua situação ficou insustentável com a revelação feita ontem pela Folha de mais um caso de lobby envolvendo seu filho Israel e servidores dentro da Casa Civil.
O presidente Lula decidiu pela saída de Erenice ao avaliar que ela perdeu o "controle" da situação e devido a pesquisas internas do PT apontando que o caso envolvendo seus familiares tinha um alto potencial de dano para a campanha de Dilma.
Erenice era a número 2 da Casa Civil e substituiu Dilma quando ela deixou o governo para se candidatar à Presidência. Erenice foi substituída interinamente por seu secretário-executivo, Carlos Eduardo Lima. A solução definitiva para o cargo pode ficar para depois das eleições.
Coordenadora do PAC, Miriam Belchior era a primeira opção de Lula para o posto. Aliada de José Dirceu e ex-mulher do prefeito Celso Daniel (morto em 2002), ela receia assumir a Casa Civil e virar alvo no dia seguinte.
Com isso, ganhou força o nome do ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
Erenice caiu após a publicação pela Folha de reportagem revelando que uma empresa de Campinas confirma que um lobby opera dentro da Casa Civil e acusa Israel Guerra de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES.
Foi o segundo caso do gênero. A revista "Veja" havia revelado a ação de Israel para a renovação de uma licença de uma empresa de carga aérea na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Surgiram então casos de outras atuações suspeitas envolvendo a irmã, o irmão, outro filho e o marido de Erenice.
No inquérito aberto para investigar o esquema de lobby na Casa Civil, a Polícia Federal vai incluir o episódio revelado pela Folha. Nos próximos dias, a PF começará a ouvir os envolvidos.
Para Lula, a ministra foi, no mínimo, "imprudente". Mas foi o cálculo eleitoral que pesou. Segundo pesquisas internas do PT, o tema é mais fácil de ser compreendido pelo eleitorado do que o da quebra de sigilo de tucanos na Receita e tem uma associação rápida a Dirceu, antecessor de Dilma na Casa Civil, e ao mensalão.
Segundo pesquisas do PT, a propaganda tucana que mais impacta o eleitorado é a que liga Dilma a Dirceu.
A repercussão da reportagem da Folha foi analisada ontem logo cedo em reunião de Lula com assessores, quando ficou decidido que Erenice deveria ser convencida a pedir demissão.
Logo depois, o ministro Franklin Martins (Comunicação) foi até a casa de Erenice informar a posição de Lula.
O ministro auxiliou a agora ex-ministra a redigir sua carta de demissão para evitar um novo "desastre" como a nota em que Erenice culpa a campanha eleitoral pelas acusações e chama o candidato tucano José Serra de "aético" e "já derrotado".
Em seguida, Erenice se reuniu com o presidente. Encerrada a reunião, a saída da ministra foi anunciada.
Na carta, ela diz que nunca se furtou a responder questionamentos e pediu para ser investigada, mas, ainda assim, "a sórdida campanha para desconstituição da minha imagem, do meu trabalho e da minha família continuou implacável".
Segundo a nota, as "paixões eleitorais não podem justificar esse vale-tudo". Erenice disse que precisa de "paz e tempo" para se defender das acusações de lobby.


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