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Lula diz que terá papel ativo em eventual governo Dilma
Presidente muda tom e afirma que percorrerá "país inteiro" para apontar erros
Até agora, Lula disse que não se envolveria; mudança tem objetivo de ser garantia de que Dilma não oferece riscos
SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A PETROLINA (PE)
FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A SALGUEIRO (PE)
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva admitiu ontem
pela primeira vez que vai ter
um papel ativo em um eventual governo da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff
(PT), chamada por ele de
"minha presidenta".
Ao fazer uma provocação
ao antecessor Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em
entrevista a rádios do Nordeste, Lula disse que ao deixar o cargo percorrerá o país
e dará palpites em caso de
"alguma coisa errada".
Até ontem, Lula adotava o
discurso de que jamais se envolveria no próximo governo
porque, dizia, a melhor contribuição que um ex-presidente pode dar ao país é não
incomodar ou dar palpites no
governo do sucessor.
A Folha apurou que a mudança de tom tem objetivo de
funcionar como uma garantia dada por Lula aos eleitores de que a escolha de Dilma
não oferece riscos. Trata-se
de uma contraposição ao discurso da oposição de que a
ex-ministra é inexperiente.
"Quem pensa que vou deixar a Presidência e vou para
Paris [FHC viajou após deixar
o cargo], para Harvard, vou
não sei para onde... Não, eu
vou vir para o sertão brasileiro, vou viajar este país inteiro
para ver o que eu fiz e o que
eu não fiz", disse Lula em Petrolina (PE), onde visitou a
Universidade Federal do Vale do São Francisco.
Lula complementou: "Se
tiver alguma coisa errada
vou pegar o telefone e ligar
para minha presidenta e dizer: "Olha, tem uma coisa
aqui errada. Pode fazer, minha filha, que eu não consegui fazer". Essa é a contribuição que um político tem que
dar para o Brasil".
Em fevereiro, declarou:
"Minha tese é a seguinte: rei
morto, rei posto. A Dilma tem
de criar o estilo dela, a cara
dela e fazer as coisas dela".
"EU QUERO GANHAR"
Ontem à tarde, ao discursar para uma plateia formada
basicamente por operários,
em Salgueiro (532 km de Recife), Lula falou como se disputasse a própria sucessão e
comparou duas vezes o governo aos cuidados de uma
mãe com os filhos.
"A palavra não é governar", disse ele. "A palavra
deste país é cuidar. Eu quero
ganhar as eleições para cuidar do meu povo como uma
mãe cuida do seu filho, daqueles que mais necessitam", afirmou.
Em nenhum momento da
solenidade Lula citou Dilma.
O presidente declarou
também que seu governo
não fazia "uma coisa para
um Estado tirando outra coisa de outro".
Ele completou: "Na hora
em que coloca os filhos na
mesa e vai fritar os bifinhos,
se tiver cinco filhos, é um bifinho para cada um. O que nós
estamos fazendo é distribuir
esses bifes em igualdade".
Lula usou o slogan de
campanha do presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, para dizer que isso era
possível.
"O Obama disse: "Nós podemos", e eu digo para vocês:
nós não apenas podemos,
como gostamos e queremos
continuar governando este
país", declarou.
Em Petrolina, Lula também comentou o desempenho do candidato do PSDB,
José Serra. Disse que o tucano "está com dificuldade" de
enfrentar o seu governo.
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