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ANÁLISE
Candidatos perdem chance de colocar os pingos nos "is"
FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO
Engessados pelas regras
que suas próprias assessorias impuseram, os candidatos à Presidência só resvalaram em temas de interesse da
maioria da população. Isso
de forma desorganizada,
omissa ou enganosa.
Mas a maior bobeada nessa área coube à petista Dilma
Rousseff ao responder a comentário de José Serra.
Para o tucano, Dilma tem
mostrado "satisfação" com o
nível da carga tributária no
Brasil, a maior entre os emergentes. É algo que incomoda
95% dos eleitores, segundo
pesquisa de ontem da federação das indústrias do Rio.
Na bola fácil levantada por
Serra, Dilma se embananou.
Em vez de nocautear o adversário, recorreu a algo inexistente: uma certa "prática sistemática" de redução de tributos no governo Lula.
O fato é que em 15 anos de
governos FHC e Lula, quase
dois terços do aumento da
carga tributária em relação
ao PIB (passou de 28,6% a
35%) foi obra dos tucanos.
Pior. O aumento de tributos ocorreu sem que, até 1999
e por imposição do FMI, os
tucanos economizassem recursos (com superávits primários) para pagar os juros
da dívida pública.
O velho FMI e seus fantasmas também serviram a Dilma para reforçar a "realidade
virtual" que os petistas criaram sobre FHC e a crise que
Lula herdou em 2003, no
conturbado início de seu primeiro mandato.
Antes da transição entre
governos, a inflação estourou e o dólar encostou em R$
4, obrigando FHC a recorrer
ao maior pacote de ajuda da
história do Fundo até então.
O que Dilma não disse (e
Serra se esqueceu de lembrar) é que o país só pendeu
para o colapso por causa de
Lula, que passou a vida dizendo que romperia com o
Fundo e que questionaria
contratos, sobretudo com
credores internos e externos.
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