São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Candidatos perdem chance de colocar os pingos nos "is"

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

Engessados pelas regras que suas próprias assessorias impuseram, os candidatos à Presidência só resvalaram em temas de interesse da maioria da população. Isso de forma desorganizada, omissa ou enganosa.
Mas a maior bobeada nessa área coube à petista Dilma Rousseff ao responder a comentário de José Serra.
Para o tucano, Dilma tem mostrado "satisfação" com o nível da carga tributária no Brasil, a maior entre os emergentes. É algo que incomoda 95% dos eleitores, segundo pesquisa de ontem da federação das indústrias do Rio.
Na bola fácil levantada por Serra, Dilma se embananou. Em vez de nocautear o adversário, recorreu a algo inexistente: uma certa "prática sistemática" de redução de tributos no governo Lula.
O fato é que em 15 anos de governos FHC e Lula, quase dois terços do aumento da carga tributária em relação ao PIB (passou de 28,6% a 35%) foi obra dos tucanos.
Pior. O aumento de tributos ocorreu sem que, até 1999 e por imposição do FMI, os tucanos economizassem recursos (com superávits primários) para pagar os juros da dívida pública.
O velho FMI e seus fantasmas também serviram a Dilma para reforçar a "realidade virtual" que os petistas criaram sobre FHC e a crise que Lula herdou em 2003, no conturbado início de seu primeiro mandato.
Antes da transição entre governos, a inflação estourou e o dólar encostou em R$ 4, obrigando FHC a recorrer ao maior pacote de ajuda da história do Fundo até então.
O que Dilma não disse (e Serra se esqueceu de lembrar) é que o país só pendeu para o colapso por causa de Lula, que passou a vida dizendo que romperia com o Fundo e que questionaria contratos, sobretudo com credores internos e externos.


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