São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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Em crise com base aliada, Dilma flerta com oposição

Alckmin faz elogios à presidente durante evento do Brasil sem Miséria, em SP

Dilma, por sua vez, chama governadores tucanos de "queridos" em cerimônia com a participação de FHC

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Em crise com os aliados, a presidente Dilma Rousseff encontrou afago na oposição. Cercada por tucanos, ela transformou ontem o lançamento para a região Sudeste do plano Brasil sem Miséria, carro-chefe de sua política social, no gesto mais enfático de aproximação com o PSDB desde sua posse.
O programa, que unifica ações de transferência de renda federais e estaduais, foi apresentado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, feudo dos tucanos desde 1995.
Ao final, o evento foi classificado pela presidente como "um grande pacto republicano", capaz de "mudar a realidade do país".
Para atuar ao seu lado como anfitrião de Dilma, o governador Geraldo Alckmin convidou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -com quem ela já havia trocado elogios públicos.
Além de Dilma e Alckmin, participaram do evento os governadores de Minas, Antônio Anastasia (PSDB), do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).
Na comitiva presidencial vieram cinco ministros -entre eles Ideli Salvatti, de Relações Institucionais.
No discurso, o governador paulista só se dirigiu a Dilma como "presidenta" -tratamento usado por petistas e aliados do Planalto- e atribuiu a ela qualidades como "patriotismo", "generosidade" e "espírito conciliador".
Alckmin disse que a parceria com o governo federal era um "marco". A fala foi interpretada como uma demonstração de rompimento com a relação imposta por seu antecessor, José Serra, com o governo federal.
"Ultrapassamos o período de disputas, para unir esforços em prol dos que precisam", disse Alckmin.
Apesar de convidado, Serra não compareceu. Seus aliados mais próximos também não. Em artigo publicado recentemente, ele criticou o Brasil sem Miséria.
Após os afagos, Dilma convidou Alckmin a acompanhá-la hoje, em agenda na qual entregará 1.900 casas do programa Minha Casa, Minha Vida.
O governador passará a defender publicamente a faxina no governo federal.

FAXINA DA MISÉRIA
Última a discursar, a presidente chamou os governadores de "queridos" e ressaltou o aspecto "simbólico" do evento. "O pacto republicano e pluripartidário que estamos firmando hoje é capaz de transformar a realidade social que vivemos", disse.
Numa citação ao antecessor, ela enalteceu a política social de Lula e a chamou de "herança bendita".
Dirigindo-se aos governadores, a presidente disse ver semelhanças entre o Brasil sonhado por ela e por eles.
"O Brasil sonhado por todos nós pode ser diferente em muitos aspectos. Porém, eu estou certa que ele é semelhante nas questões fundamentais", afirmou.
Dilma fechou o discurso ressaltando a participação dos governadores no combate à pobreza e aproveitou para fazer uma alusão aos escândalos que levaram à instabilidade no governo.
"Quero reafirmar a importância do pacto que firmamos hoje. É o Brasil inteiro fazendo a verdadeira faxina que esse país tem que fazer: a faxina contra a miséria", afirmou, usando o termo que tem designado a demissão de membros de ministérios.


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