São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

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PT vê elo entre Serra e panfleto apreendido

Para tucano, é "irrelevante" que a gráfica responsável pelos folhetos pertença a seu coordenador de campanha

Ao ordenar a apreensão de panfletos, Justiça Eleitoral avaliou que não poderiam ser feitos por entidade religiosa

Carlos Cecconello/Folhapress
José Eduardo Cardozo e o presidente estadual do PT-SP, Edinho Silva, à dir., em entrevista

RICARDO WESTIN
CATIA SEABRA

DE SÃO PAULO

A direção da campanha de Dilma Rousseff (PT) afirmou que há "indícios veementes" de que os panfletos anti-PT apreendidos no domingo, cerca de 1 milhão, tenham sido encomendados pela campanha de José Serra (PSDB).
Os panfletos apreendidos pela polícia em São Paulo reproduziam comunicado da Regional Sul 1 da CNBB (entidade dos bispos católicos) que pedia aos fiéis que não votassem em Dilma por ter defendido a descriminalização do aborto. Hoje ela critica a interrupção da gravidez.
"Embora não possamos fazer afirmações definitivas -só fazemos acusações com provas, ao contrário de nosso adversário-, há indícios veementes de que esse panfleto possa ter sido produzido pela campanha de nosso adversário", disse o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
Entre os "indícios veementes", o principal é o fato de a gráfica que imprimiu os folhetos, a Pana, ter como sócia Arlety Kobayashi, irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de Serra, Sérgio Kobayashi.
Arlety é filiada ao PSDB desde 1991. Kobayashi foi secretário municipal de Comunicação quando Serra era prefeito de São Paulo. Kelmon Luís Souza, um católico ortodoxo, assumiu ter encomendado 20 milhões de panfletos a pedido da Diocese de Guarulhos (Grande SP) com dinheiro de fiéis. Segundo o PT, 2 milhões de impressos custariam R$ 33 mil.

"FACTOIDE"
O candidato Serra reagiu. Falou em "factoide" e disse que o fato de a gráfica "ser ou não ser de uma parente de alguém" de sua campanha "é inteiramente irrelevante".
"A despesa é por conta da diocese. A diocese tem pleno direito a manifestar-se sobre questões que considera relevantes. Não tem nada a ver com a campanha. Há muita mobilização de outras igrejas, algumas inclusive apoiando a Dilma", afirmou. Ao determinar a apreensão, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se baseou em duas hipóteses: ou a publicidade foi feita por uma entidade religiosa (CNBB) ou era anônima. Ambos os casos são proibidos pelas leis eleitorais.
O PT anunciou a criação de um e-mail para que se denuncie esse tipo de propaganda: denuncia@ptadvogados.com.br. A Folha tentou entrevistar os donos da gráfica Pana e algum representante da Diocese de Guarulhos. Nenhum deles falou. A CNBB agora diz que desaprova o uso político do comunicado anti-Dilma.


Colaborou FELIPE SELIGMAN , da Sucursal de Brasília


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