|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Inócuo, anúncio de blocão serve só para pressionar Dilma
Regra da Câmara diz que união entre partidos só pode ser oficializada na véspera da posse do novo Congresso
Vice-presidente eleito, Michel Temer diz que
a movimentação das siglas, por ora, é apenas "protocolo de intenções"
MARIA CLARA CABRAL
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
A cerca de dois meses da
posse dos novos deputados,
o anúncio da formação do
bloco parlamentar comandado pelo PMDB na Câmara serve apenas como uma ameaça
ao governo da presidente
eleita, Dilma Rousseff.
Segundo a Secretaria-Geral da Casa, qualquer união
entre partidos na nova legislatura só pode ser oficializada no final de janeiro do ano
que vem, dias antes de os novos deputados assumirem.
Até lá, as movimentações
partidárias podem ser alteradas, como admite o vice-presidente eleito, Michel Temer
(PMDB-SP). "Eu não sei qual
o bloco que vai surgir. O que
houve foi uma intenção, uma
espécie de protocolo de intenções", disse ele.
Ontem, durante reunião
com peemedebistas, Temer
confidenciou a integrantes
do partido que achou a articulação, comandada pelo líder da sigla, Henrique Eduardo Alves (RN), "açodada e
atrapalhada". Ele pediu para
que qualquer costura política
envolva de início o PT.
A formação de um bloco
comandado pelo PMDB tem
como principais objetivos ganhar espaço na composição
do governo e força nas decisões do Congresso. Neste momento, PR, PTB e PSC anunciaram que caminharão com
os peemedebistas.
O líder do PP, João Pizzolatti (SC), após idas e vindas,
resolveu se juntar ao grupo
com as ressalvas de que o
acordo serviria apenas para
dar força aos partidos no âmbito do Legislativo. Juntas, as
cinco legendas terão no ano
que vem 202 deputados.
Para mostrar a fragilidade
do acordo, a própria posse do
líder do PP não está garantida. Com base na Lei da Ficha
Limpa, Pizzolatti teve seu registro de candidatura negado pelo TSE por ter sido condenado, em 2007, por improbidade administrativa. O
congressista ainda recorre da
decisão.
ANÚNCIO
O anúncio da formação do
bloco foi feito na última terça-feira, quando algumas lideranças se sentiam preteridas no processo de transição
e nas articulações pela presidência da Câmara e Senado.
Até fevereiro, no entanto,
isso pode mudar. E caso os
partidos consigam os cargos
que almejam, o blocão pode
sofrer uma reviravolta. A junção partidária pode deixar de
existir ou o PT e outras legendas, por exemplo, podem se
juntar ao grupo.
A formação de blocos partidários é bem comum na Câmara. Geralmente tem início
no começo de cada legislatura, mas são desmanchadas
dias depois.
No início de 2009, por
exemplo, a maioria dos partidos da base do governo Lula
se uniu em um bloco único
que elegeu Temer para presidente da Câmara. O PV se
juntou ao grupo em 30 de janeiro para deixá-lo em 3 de
fevereiro. Hoje, da formação
original, apenas PMDB e PTC
ainda estão juntos.
De qualquer forma, para
mostrar que caminham juntos, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) anunciou que
todos devem se reunir na
próxima terça antes da reunião de líderes.
Texto Anterior: Sem líderes, PSDB discute reestruturação Próximo Texto: Justiça condena 1º réu no caso Celso Daniel Índice | Comunicar Erros
|