São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Justiça condena 1º réu no caso Celso Daniel

Julgado à revelia, Marcos Roberto Bispo dos Santos, acusado de participação no crime, é sentenciado a 18 anos

Julgamento durou cerca de sete horas e meia e, sem a presença do réu e de testemunhas, se limitou a debates

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

A Justiça condenou a 18 anos de prisão Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos, pela participação no assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) em janeiro de 2002.
Segundo a tese vencedora do Ministério Público de SP, Santos dirigiu um dos carros usados para sequestrar Daniel, além de ter encomendado o roubo do outro veículo usado na ação e ser responsável pelo transporte da vítima da Favela Pantanal, em São Paulo, para o cativeiro.
É a primeira condenação de um dos acusados de envolvimento na morte do prefeito petista.
O juiz da 1ª Vara de Itapecerica da Serra, Antonio Augusto Hristov, que presidiu a sessão do tribunal do júri, afirmou que levou em consideração a "repercussão social" do caso para estipular a punição do réu.
A defesa afirmou que vai recorrer da decisão.
Daniel era coordenador da campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva na campanha presidencial de 2002 e cotado para ser um de seus ministros.
Outros seis acusados de envolvimento na morte de Daniel, entre eles o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, apontado pela Promotoria como mandante do crime, devem ser julgados a partir de 2012.
O julgamento durou cerca de sete horas e meia e não teve a presença do réu e de testemunhas. O promotor Francisco Cembranelli criticou a conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o caso, de que o crime teria sido de extorsão mediante sequestro seguido de morte, um delito contra o patrimônio.
Segundo o promotor, as investigações do Ministério Público comprovaram que o crime foi encomendado pelo "amigo entre aspas" de Daniel -referindo-se a Silva.
Segundo o promotor, ele participou de um esquema para exigir propina de empresários para engordar um caixa dois de campanha do PT -e o prefeito passou a ser um obstáculo para o desvio dos recursos.
Ontem, a defesa de Santos procurou demonstrar não haver provas suficientes para condenação. Não há no processo perícia ou depoimento de testemunha, que não seja corréu, que indique que ele estava no local e na hora do crime, disse o defensor.
O advogado de Santos disse que o réu foi torturado na Polícia Civil de São Paulo para confessar envolvimento. Segundo a defesa o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalg atuou no caso para defender interesses do PT e deu um tapa em um dos acusados.
O delegado responsável pelo caso, Armando Oliveira, não quis se manifestar sobre a acusação de tortura.
Greenhalg, que participou de atos da investigação como observador de garantias dos direitos humanos, não foi localizado ontem.


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