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Impostos pesam mais sobre pobres, afirma Ipea
Cerca de 32% da renda é gasta com tributos
ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA
A atual estrutura tributária
do país, baseada em impostos indiretos, afeta mais as
camadas da população com
menor renda. A conclusão é
do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado ao governo.
Segundo o Ipea, 32% da
renda dos brasileiros mais
pobres -aqueles que têm
renda per capita média de R$
127- é convertida em pagamento de tributos.
Ainda de acordo com o estudo, 28% da renda vai para
impostos indiretos, como
PIS, Cofins e ICMS, e apenas
4% vai para os tributos diretos, como aqueles cobrados
sobre bens e serviços.
Já no caso das famílias
com maior poder aquisitivo,
com renda per capita média
de R$ 1.691, a distribuição é
mais equilibrada.
Essas famílias gastam, em
média, 21% da renda com tributos. Os impostos indiretos
correspondem a 10% da renda e os diretos, a 11%.
"Os pobres têm uma carga
muito alta sobre a sua renda.
Na hora de distribuir, nós estamos dando aos mais ricos.
Nós continuamos injustos
demais", disse o técnico em
planejamento do Ipea, Fernando Gaiger Silveira.
TRANSFERÊNCIA
Para Silveira, o aumento
de impostos sobre bens e serviços e a redução de tributos
indiretos poderiam contribuir para aumentar a distribuição de renda no país.
Isso porque tributos como
IPVA, IPTU e Imposto de
Renda são pagos, na maior
parte dos casos, apenas pela
camada da população que
tem renda mais alta.
Apesar da alta carga tributária incidente sobre a renda
dos mais pobres, os dados do
Ipea apontam que os programas de transferências de renda, como Bolsa Família, além
de outros benefícios assistenciais, estão ajudando a
compensar essa diferença.
Segundo o órgão estatal,
programas como o Bolsa Família chegam a aumentar em
até 10% a renda dos mais pobres no país.
"Os pobres continuam pagando mais impostos, mas
houve uma compensação
disso pelas transferências de
renda", disse o diretor de Estudos e Políticas Sociais do
Ipea, Jorge Abrahão.
O estudo foi feito com base
nos dados da POF (Pesquisa
de Orçamento Familiar) e da
PNAD (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios)
do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
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