São Paulo, sábado, 20 de agosto de 2011

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PUC diz que devolverá verba da Agricultura

Comissão interna promete investigar participação de funcionários do ministério em fraudes em convênios

Fundação contratada após licitação que teve documentos forjados se dispõe a restituir os valores recebidos


DE BRASÍLIA

A Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, se dispôs ontem a devolver o dinheiro do contrato que assinou com o Ministério da Agricultura após uma licitação fraudada com documentos forjados com o timbre da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A PUC anunciou a constituição de uma comissão interna para investigar se houve participação de funcionários da universidade nas irregularidades. Em nota distribuída pela Fundasp, a entidade diz que o "sentimento de engano" provocado pela fraude "a todos nós assola".
A Fundasp recebeu até agora R$ 5 milhões dos R$ 9,1 milhões do valor original do contrato, cujo objetivo é a realização de cursos para funcionários do ministério.
A Folha revelou ontem que documentos forjados em nome da FGV foram anexados a uma tomada de preços feita pelo ministério antes da contratação da fundação da PUC, para simular que fizera uma consulta a outras instituições de ensino e assim justificar a escolha da PUC.
Após a realização dessa tomada de preços, o ministério decidiu contratar a Fundasp sem concorrência.
As suspeitas em torno do contrato foram uma das causas da queda de Wagner Rossi, que se demitiu na quarta.
Em depoimento no inquérito aberto pela PF nesta semana, o ex-presidente da comissão de licitações do ministério Israel Leonardo Batista disse que o processo foi intermediado pelo lobista Júlio Fróes, que se apresentou no ministério como representante da PUC.

AUDITORIA
O ministério suspendeu os pagamentos do contrato depois que as irregularidades vieram à tona numa reportagem da revista "Veja".
"Em face dessas mesmas notícias e da suspensão do pagamento do contrato acima, a Fundação São Paulo está colocando à disposição do Ministério da Agricultura os valores até agora recebidos", diz nota da Fundasp.
A investigação interna, segundo a fundação, terá apoio de uma auditoria externa.
A PUC diz que vai colaborar com as autoridades, "pois é a maior interessada na apuração dos fatos".

INQUÉRITO
A FGV requisitou ontem em Brasília a abertura de inquérito policial para apurar a falsificação de documentos com timbre da entidade.
Num dos papeis que fazem parte do processo, foi falsificada a assinatura do professor Antonio Dal Fabbro, que coordena um setor da FGV voltado ao aprimoramento de executivos. Dal Fabbro apontou a irregularidade depois de ser informado pela Folha sobre a existência do documento.
O Ministério da Agricultura informou que o caso já está sendo apurado pela PF e que não tomaria outras providências sobre o assunto.
A CGU (Controladoria-Geral da União) afirmou que analisou previamente o contrato.
Agora, afirmou, "ao tomar conhecimento da matéria da Folha, a direção da CGU acionou a FGV para manifestar-se sobre a autenticidade da proposta contida no processo". (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO e ANDREZA MATAIS)


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