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Queda de Erenice abre disputa por espaço no PT
Alas petistas são contrárias, neste momento, a nome forte na Casa Civil
Temor é que um novo ministro de peso seja "irremovível" depois das eleições e continue no cargo no futuro
CATIA SEABRA
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
A queda de Erenice Guerra
do comando da Casa Civil
trouxe à tona uma competição até então submersa no
mundo petista: a disputa pelo poder num eventual governo de Dilma Rousseff.
Antes mesmo de consumada a possível vitória na
eleição, petistas travam uma
guerra velada pelo coração
do governo Dilma. A começar
pela própria Casa Civil -segundo petistas, o objeto de
desejo do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Um dos conselheiros de
Dilma, com quem se reuniu
num hotel de São Paulo na
sexta, Palocci chega a admitir em conversas a hipótese
de deixar temporariamente o
país caso não seja convidado
para o cargo de seu interesse.
Segundo petistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem outros planos para
Palocci, como sua indicação
para o ministério da Saúde.
A aliados, no entanto, o
deputado tem reafirmado
seu interesse pela Casa Civil,
rejeitando até o Ministério da
Fazenda, pasta em que conquistou a confiança do establishment como fiador do rigor fiscal e monetário da política econômica de Lula.
A disputa é tanta que integrantes do partido, especialmente do PT de São Paulo,
resistem à hipótese de indicação neste momento de nomes como o do ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo, para a Casa Civil.
Sob o argumento de que a
escolha de um nome forte
constrangeria Dilma a mantê-lo no cargo num futuro governo, sugerem que o interino Carlos Eduardo Esteves
Lima seja mantido até a eleição. Depois, dizem, Dilma
desenhará seu ministério.
Essa justificativa encobre
o temor de que o novo chefe
da Casa Civil seja irremovível
após conduzir a transição para o futuro governo.
A mesma lógica se aplica
ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Também cotado para o
ministério de Dilma, ganharia musculatura se acumulasse duas pastas desde já.
"APETITE"
A movimentação de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em favor
de Miriam Belchior também
foi encarada por parcelas do
PT como sinal de "apetite".
Segundo petistas, Carvalho foi o primeiro a propor a
Erenice uma "saída a Henrique Hargreaves", em referência ao ministro do governo
Itamar Franco, que deixou a
Casa Civil e, depois de inocentado, retornou ao cargo.
Ainda segundo petistas,
foi Carvalho -que é irmão da
ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Helena Carvalho Lopes- quem sondou
Belchior para o cargo.
Afastado do comando oficial da campanha, o ex-ministro José Dirceu também
deu mostra de que que quer
participar do núcleo de decisões do governo. Reclamou
de petistas que criticaram o
discurso em que afirmou
que, com a eleição de Dilma,
o PT terá mais poder.
É para evitar a conflagração da disputa em plena
campanha que Lima deverá
mesmo permanecer na Casa
Civil até a eleição.
A disputa já invadiu até a
Câmara. Líder do governo,
Cândido Vaccarezza (SP)
postula a presidência da Casa. Mas, diz um ministro, não
é o único nome do partido
para o posto.
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