São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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Dilma responsabiliza Erenice por nomeação

Casa Civil afirma que não vai se manifestar porque sindicância é sigilosa; Laender nega ter relação com lobby

DE BRASÍLIA

Questionada sobre as motivações para levar Gabriel Laender para o governo federal, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff disse que não o conhecia e passou a responsabilidade para Erenice Guerra, que era a número dois da pasta.
"A ministra Dilma Rousseff não conhece o referido servidor e as nomeações de DAS 102.4 [cargo de Laender] são de responsabilidade da Secretaria Executiva da Casa Civil", afirmou, por meio de sua assessoria
No entanto, foi Dilma quem assinou o convite para Laender deixar a Procuradoria do Espírito Santo para trabalhar no governo. Assinou também o decreto que criou cargo para ele na Casa Civil.
A assessoria da Casa Civil, responsável pela sindicância que investiga tráfico de influência praticado por pessoas ligadas a Erenice, disse que não iria se pronunciar sobre o assunto. Alegou que a investigação é sigilosa.
Por e-mail, informou: "A lei 8.112, de 11/12/90, estabelece que: "As reuniões e as audiências das comissões [de sindicância] terão caráter reservado". Por esse motivo, não temos como responder às suas perguntas".
A Folha procurou também o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que recomendou falar com a Casa Civil. A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) não respondeu até a conclusão desta edição.
O assessor especial da Casa Civil Gabriel Laender negou ter trocado senha com Vinícius Castro, "sócio" dos filhos da ex-ministra Erenice em uma empresa de lobby.
"Eu não tinha nenhuma ligação com o Vinícius, eu não o conheço, não conheço ninguém da família dele ou da família da ex-ministra."
Lembrado que ele advogou para o marido de Erenice, afirmou: "É verdade, mas a relação foi como prestador de serviço". Sobre sua relação com Erenice, Laender disse que é "espartana".
Afirmou ainda que, embora dividisse a sala com Vinícius enquanto a Casa Civil funcionava no edifício do Banco do Brasil devido à reforma do Palácio do Planalto, a relação era de "bom dia, boa tarde e boa noite".
Laender pediu que a Folha encaminhasse perguntas por escrito, mas não respondeu ao e-mail. Ele está em férias desde 29 de setembro.
Em conversa pelo telefone, sua primeira reação foi: "Como é que você vai publicar isso? O que vocês estão querendo com isso? Dizer que eu tinha algum contato com o Vinícius?"
O assessor afirmou ainda que não revisou ou redigiu qualquer contrato para a Capital Assessoria, a empresa de lobby. "Eu nunca olhei nada de nenhum contrato, nunca vi nada fora das minhas atribuições da Casa Civil, eu sou um advogado experiente, mas tenho 31 anos, tenho histórico, mas não sou nenhuma sumidade."

OUTROS CITADOS
Vinícius e Stevan Knezevic não foram encontrados pela Folha. Os dois se recusaram a responder às perguntas da Polícia Federal.


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