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Candidatos alteram dados de telefonia
Filas nas estatais para comprar telefone e queda do monopólio são temas ignorados
Dilma diz que expansão dos telefones é fruto do crescimento da renda; para Serra, o Brasil do PT seria o do orelhão
ELVIRA LOBATO
DO RIO
Dilma Rousseff e José Serra distorceram informações
sobre a privatização da telefonia, levada a cabo em julho
de 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Ao dizer que a expansão
dos telefones no país é fruto
do crescimento da renda da
população e não da privatização, Dilma ignorou que as
estatais não conseguiam
atender a demanda e que
18,5 milhões de pessoas estavam esperavam para comprar telefone.
As estatais estavam amarradas ao Orçamento da
União e não tinham autonomia para investir o volume de
dinheiro necessário.
Em 96, a Telebrás teve lucro recorde de R$ 3,3 bilhões,
e, ainda assim, foi obrigada a
cortar R$ 1,5 bilhão de seu orçamento, em 97, porque o governo precisava gerar superavit nas contas públicas.
O candidato tucano, por
sua vez, exagera ao dizer
que, sem a privatização, o
Brasil seria o país do orelhão,
e que ninguém teria acesso a
telefone celular.
Antes da privatização,
uma emenda constitucional
derrubou o monopólio da telefonia e empresas privadas
passaram a oferecer o serviço
celular, a partir de 1997, em
competição com as estatais.
Ou seja, ainda que o governo tivesse mantido a Telebrás estatal, haveria no Brasil o celular privado.
RENDA
Dilma disse que o pobre
passou a ter telefone, porque
passou a ter renda no governo petista. A história e os dados oficiais do setor mostram
que é uma meia verdade.
No período estatal, cerca
de 250 mil famílias da Grande
São Paulo recorriam a sistemas de telefone clandestinos, porque a antiga Telesp
não conseguia expandir na
velocidade necessária.
À época, cada grupo de
dez famílias compartilhava
uma linha, que era alugada
no mercado paralelo. A escassez do serviço alimentava
um mercado especulativo,
que desapareceu à medida
que as empresas privatizadas
expandiram a oferta.
A principal razão para o
crescimento da rede de telefonia fixa foi o sistema de metas de universalização, imposto nos contratos de concessão. As empresas privatizadas tiveram um plano inicial de metas de expansão e
de qualidade por cinco anos.
De 1998 até agora, foram
investidos R$ 180 bilhões no
setor. A telefonia fixa cresceu
de 20 milhões para 38,8 milhões de linhas nos quatro
anos após a privatização.
Na gestão Lula, a quantidade de telefones públicos
encolheu, contradizendo a
ironia de Serra de que o Brasil do PT é o país do orelhão.
Lula encontrou 1,4 milhão
de orelhões instalados ao assumir e deixará 1,1 milhão. A
diminuição também se deu
por conta da proliferação dos
celulares.
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