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PT pôs aborto na campanha, diz Serra
Ao "JN", tucano afirma que acusações contra ex-assessor Paulo Preto não podem ser comparadas ao caso Erenice
Candidato afirmou que não se sentiu ameaçado quando seu ex-assessor disse que "não se larga um líder na estrada"
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
O candidato do PSDB ao
Planalto, José Serra, disse
ontem que foi o PT da adversária Dilma Rousseff quem
introduziu a polêmica sobre
a legalização do aborto na
corrida presidencial.
Em entrevista ao "Jornal
Nacional", ele negou que sua
campanha faça exploração
política do assunto para atingir a rival: "Quem introduziu
esse ingrediente na campanha foi o PT e foi a Dilma",
disse: "Não fomos nós que levantamos nem exploramos".
Serra atribuiu a polêmica
eleitoral do aborto às mudanças no discurso de Dilma sobre o tema e ao lançamento
do 3º PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos),
em dezembro de 2009. "Dilma se manifestou a favor do
aborto, tem o vídeo. O PT, no
fim do ano passado, fez o
PNDH, que tornava transgressor, criminoso, quem
fosse contra o aborto. Eles
puseram a questão no ar".
Em seguida, o candidato
se disse religioso e sugeriu
que a adversária simula ter fé
para conquistar votos. "Sou
católico, mas sempre visitei
igrejas, inclusive cristãs
evangélicas. Sempre falo, no
meu linguajar cotidiano, "se
deus quiser". Eu sou uma
pessoa religiosa. Não é nada
forçado nesse sentido".
"Aliás, a candidata [Dilma] não fez outra coisa senão
passar a visitar igrejas, coisa
que ela não fazia."
O tucano acrescentou que
temas religiosos "acabam
sendo postos pela própria
população" nas campanhas,
e que ele não planejou discutir o aborto na disputa presidencial. "Nunca me passou
pela cabeça transformar isso
num centro de campanha."
Questionado pelo âncora
William Bonner, o presidenciável disse não ter se sentido
ameaçado quando o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de
Souza, o Paulo Preto, disse à
Folha que "não se larga um
líder ferido na estrada".
De acordo com reportagem da revista "IstoÉ", Souza teria desviado R$ 4 milhões de um suposto caixa
dois da campanha tucana.
"Antes dessa entrevista
nós já tínhamos desmentido.
Não houve desvio de dinheiro na minha campanha. Eu
saberia. Em todo caso, nós
seríamos vítimas. Desmenti
há muito tempo", declarou.
Serra aproveitou a pergunta para atacar Dilma,
afirmando que as acusações
contra Paulo Preto não são
comparáveis às suspeitas de
tráfico de influência que derrubaram Erenice Guerra.
"Eles fazem ataques para
nivelar todo mundo, como se
os escândalos da Casa Civil,
desse senhor Cardeal da Eletrobras, como se tudo fosse
reproduzido do outro lado",
afirmou. "Não tenho um chefe da Casa Civil que aprontou
tudo o que a Erenice aprontou, o braço direito [dela]."
Serra disse ainda que não
sabia que Tatiana Arana
Souza Cremonini era filha do
ax-assessor quando a nomeou para o cerimonial do
Palácio dos Bandeirantes.
"Essa menina foi contratada, eu nem conhecia, não foi
diretamente por mim... Só
vim a saber que era filha de
um diretor de uma empresa
muito tempo depois. Nunca
teve nenhuma acusação
nem estava num cargo que
tome decisões, faça lobby ou
pegue dinheiro, como [foi] o
caso dos filhos da Erenice."
Ontem, no Rio, Serra culpou o governo Lula pela valorização do real: "Eles levaram a uma situação em que o
consumo de produtos importados no começo do governo
Lula era 12% e hoje é 20%".
Colaborou HUDSON CORRÊA , do Rio
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