São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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PT pôs aborto na campanha, diz Serra

Ao "JN", tucano afirma que acusações contra ex-assessor Paulo Preto não podem ser comparadas ao caso Erenice

Candidato afirmou que não se sentiu ameaçado quando seu ex-assessor disse que "não se larga um líder na estrada"

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O candidato do PSDB ao Planalto, José Serra, disse ontem que foi o PT da adversária Dilma Rousseff quem introduziu a polêmica sobre a legalização do aborto na corrida presidencial.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", ele negou que sua campanha faça exploração política do assunto para atingir a rival: "Quem introduziu esse ingrediente na campanha foi o PT e foi a Dilma", disse: "Não fomos nós que levantamos nem exploramos".
Serra atribuiu a polêmica eleitoral do aborto às mudanças no discurso de Dilma sobre o tema e ao lançamento do 3º PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos), em dezembro de 2009. "Dilma se manifestou a favor do aborto, tem o vídeo. O PT, no fim do ano passado, fez o PNDH, que tornava transgressor, criminoso, quem fosse contra o aborto. Eles puseram a questão no ar".
Em seguida, o candidato se disse religioso e sugeriu que a adversária simula ter fé para conquistar votos. "Sou católico, mas sempre visitei igrejas, inclusive cristãs evangélicas. Sempre falo, no meu linguajar cotidiano, "se deus quiser". Eu sou uma pessoa religiosa. Não é nada forçado nesse sentido".
"Aliás, a candidata [Dilma] não fez outra coisa senão passar a visitar igrejas, coisa que ela não fazia."
O tucano acrescentou que temas religiosos "acabam sendo postos pela própria população" nas campanhas, e que ele não planejou discutir o aborto na disputa presidencial. "Nunca me passou pela cabeça transformar isso num centro de campanha."
Questionado pelo âncora William Bonner, o presidenciável disse não ter se sentido ameaçado quando o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, disse à Folha que "não se larga um líder ferido na estrada".
De acordo com reportagem da revista "IstoÉ", Souza teria desviado R$ 4 milhões de um suposto caixa dois da campanha tucana.
"Antes dessa entrevista nós já tínhamos desmentido.
Não houve desvio de dinheiro na minha campanha. Eu saberia. Em todo caso, nós seríamos vítimas. Desmenti há muito tempo", declarou.
Serra aproveitou a pergunta para atacar Dilma, afirmando que as acusações contra Paulo Preto não são comparáveis às suspeitas de tráfico de influência que derrubaram Erenice Guerra.
"Eles fazem ataques para nivelar todo mundo, como se os escândalos da Casa Civil, desse senhor Cardeal da Eletrobras, como se tudo fosse reproduzido do outro lado", afirmou. "Não tenho um chefe da Casa Civil que aprontou tudo o que a Erenice aprontou, o braço direito [dela]."
Serra disse ainda que não sabia que Tatiana Arana Souza Cremonini era filha do ax-assessor quando a nomeou para o cerimonial do Palácio dos Bandeirantes.
"Essa menina foi contratada, eu nem conhecia, não foi diretamente por mim... Só vim a saber que era filha de um diretor de uma empresa muito tempo depois. Nunca teve nenhuma acusação nem estava num cargo que tome decisões, faça lobby ou pegue dinheiro, como [foi] o caso dos filhos da Erenice."
Ontem, no Rio, Serra culpou o governo Lula pela valorização do real: "Eles levaram a uma situação em que o consumo de produtos importados no começo do governo Lula era 12% e hoje é 20%".


Colaborou HUDSON CORRÊA , do Rio


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