São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011 |
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ANÁLISE Período eleitoral seguido de aperto fiscal determina o ciclo econômico do país TONY VOLPON ESPECIAL PARA A FOLHA Existe um "ciclo eleitoral" no Brasil? O ciclo eleitoral é a tese segundo a qual governos tentam controlar o ciclo econômico para influenciar o resultado das eleições. Essa tese encontrou pouco apoio nos Estados Unidos, onde, diante de uma economia complexa, seria difícil manipular o ciclo econômico para coincidir com o calendário eleitoral. Mas, se não parece ter obtido sucesso nos EUA, no Brasil a historia é outra em relação a esse ciclo eleitoral. O economista Marcelo Neri, da FGV, estudou a variação na renda, pobreza e gastos do governo nas eleições de 1982 a 2006 e encontrou forte evidência sobre a existência do ciclo eleitoral. Por exemplo, Neri descobriu que o aumento da renda mediana foi de 12,5% no período pré-eleitoral, para cair a 11,9% nos anos pós-eleição. Essa evidência empírica mostra que infelizmente nossa ainda jovem democracia, onde o Estado possui muitas políticas para influenciar o nível da atividade, parece estar sujeita ao ciclo eleitoral. De fato isso parece ser a única maneira de explicar o último ano do governo Lula, que acelerou o impulso positivo da política econômica apesar da fortíssima recuperação pós-crise. Por exemplo, os gastos do governo aumentaram em 10,1% entre 2009 e 2010. Acelerações em 2010 em relação a 2009 foram também vistas nos aumentos de salários dos servidores, transferências para cidades e municípios e aumento de crédito dos bancos públicos. Não surpreende que em 2010 a economia brasileira deva ter o maior crescimento anual em décadas. Se 2010 for de fato um caso extremo, mas não atípico, do ciclo eleitoral no Brasil, o que esperar para 2011? Como mostram os dados, o boom pré-eleitoral é seguido por forte ajuste. Afinal, não vale a pena deixar a economia perseguir um caminho insustentável no inicio de um novo mandato. As recentes medidas de ajuste do governo devem ser entendidas dentro desse contexto. TONY VOLPON é chefe de pesquisas de mercados emergentes da Nomura Securities International Inc Texto Anterior: Despesas miúdas serão alvo preferencial de corte Próximo Texto: Acervo da Folha estreia com 10 mil acessos por segundo Índice | Comunicar Erros |
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