São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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Promotora é presa pela PF sob acusação de simular insanidade

Deborah Guerner foi denunciada por suspeita de envolvimento no mensalão do DEM em Brasília

Procuradoria diz que servidora e o marido planejavam fugir do Brasil; advogados do casal negam acusações

Alan Marques/Folhapress
Promotora Deborah Guerner, coberta com lenço na cabeça, chega ao IML para exame após ser presa pela PF, em Brasília

FERNANDA ODILLA
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

A promotora de Justiça do Distrito Federal Deborah Guerner foi presa ontem pela Polícia Federal, em Brasília, sob a acusação, entre outras, de ter tomado aulas para simular problemas mentais.
O propósito seria o de atrapalhar as investigações enfrentadas por ela desde 2009 pela suspeita de envolvimento com o mensalão do DEM, o esquema de pagamento de propina que envolve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
O marido da promotora, o empresário Jorge Guerner, também foi preso.
Anteontem, Deborah foi alvo de uma nova denúncia à Justiça, de acordo com o Ministério Público Federal.
Segundo procuradores que atuam no caso, ela, o marido e dois médicos de São Paulo tentavam forjar quadro de insanidade mental do casal, o que configuraria, em tese, fraude processual.
Em agosto passado, segundo a Procuradoria, Deborah gravou um vídeo em sua casa no qual ela aparece recebendo orientações, descritas como "aulas teatrais", do psiquiatra Luis de Moraes Altenfelder Silva Filho.
À Folha, o psiquiatra disse que visitou a promotora às vésperas de ela ser submetida a uma perícia no IML (Instituto Médico Legal), em agosto passado.
Silva Filho afirmou, ainda, que a Procuradoria está equivocada e "confundindo suporte [psiquiátrico] com mudar a perícia".
"Ela é uma pessoa que tem descontroles reais. É doente. Não tem simulação nenhuma", afirmou o psiquiatra, por telefone.
Silva Filho disse ser médico da promotora desde 2008. "Uma perita não vai ser enganada por ninguém e eu muito menos iria ajudar a enganar. Tem um tremendo equívoco nisso", argumentou.
"O suporte é o seguinte: você acalma, você orienta, para a pessoa não perder o controle. Isso não é treinamento", completou.

TENTATIVA DE FUGA
Os procuradores também afirmam, segundo a assessoria do Ministério Público Federal, que o casal planejava deixar o país, possivelmente com destino à Itália, a fim de escapar das investigações.
As ordens de prisão partiram do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região.
No início da tarde de ontem, o casal foi levado de sua casa à Superintendência da Polícia Federal.
Na sede da PF, Deborah teria reagido à prisão aos gritos, assim como fez durante o próprio julgamento no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), em abril.
A promotora é acusada de vazar informações da Operação Caixa de Pandora para o ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, o delator do mensalão do DEM.
Também é suspeita de tentar extorquir Arruda, que foi preso e perdeu o cargo no auge do escândalo.


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