São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2011

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Equipe econômica quer manter meta de inflação em 2013

Proposta que será levada a Dilma é que índice fique em 4,5% ao ano para não arriscar atual momento de crescimento

Na avaliação de técnicos do governo, meta menor levaria Banco Central a elevar juros para conter alta de preços em 2012


VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM

DE BRASÍLIA

A equipe econômica vai propor à presidente Dilma manter inalterada a atual meta de inflação de 4,5% ao ano em 2013 e sua tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Na próxima semana, o CMN (Conselho Monetário Nacional) se reúne para definir a meta de 2013.
Segundo a Folha apurou, a equipe econômica avalia que reduzir a meta neste momento seria o mesmo que forçar o Banco Central a manter por mais tempo o atual ciclo de alta dos juros, de forma a garantir queda rápida dos índices de preços para o patamar desejado.
Esse movimento poderia colocar em risco um momento de retomada do crescimento da economia.
Dentro da estratégia do governo, o primeiro ano de Dilma deve ser de menor crescimento da produção nacional para controlar a inflação, que está elevada.
A expectativa é que a economia cresça este ano entre 3,5% e 4%. No mercado financeiro, as apostas são de crescimento de 3,9%.
Esse recuo mais forte em 2011, depois dos 7,5% registrados no ano passado, é considerado importante para compatibilizar nos próximos anos da gestão Dilma crescimento em torno de 5% ao ano com preços sob controle.
Essa taxa, almejada já para 2012, está acima dos 4,10% previstos por analistas de mercado.

ARMADILHA
Segundo técnicos do governo, se for incluída nessa equação uma meta de inflação menor para 2013, ela se transformaria numa "armadilha" para o BC.
A autoridade monetária teria que elevar os juros para conter os preços já no ano que vem, para garantir o alcance da meta do ano seguinte, considerando que a política monetária tem um período de defasagem de seis a nove meses para que seus efeitos sejam sentidos.
Além disso, a equipe de Dilma avalia que a redução da meta inflacionária deveria ocorrer ao mesmo tempo ou depois da adoção de medidas para reduzir a indexação da economia brasileira.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) costuma lembrar que resíduos de indexação como, por exemplo, reajustes de contratos de acordo com a inflação passada, fazem com que os preços do ano seguinte já partam de uma base mais alta.
Esse efeito leva a uma realimentação da inflação, tornando mais difícil o combate às pressões sobre os preços.
Durante o governo Lula, o BC chegou a defender uma redução da meta de 4,5% para 4% ou uma redução no intervalo de tolerância de 2 pontos para 1,5 ponto, mas foi voto vencido na disputa com a Fazenda.
O atual presidente do BC, Alexandre Tombini, manifestou em seu discurso de posse a necessidade de, no futuro, o país discutir uma redução das metas, mas segundo assessores o cenário atual não é propício para esse tipo de discussão.
A expectativa do ministro da Fazenda é que a inflação feche 2011 em 6,2%, muito próxima, portanto, do teto da meta, que é de 6,5%.
Para Mantega, os últimos indicadores mostram que a política de combate à inflação está acertada. Mas ele admite que ainda é preciso ter cuidado. "O desafio continua e vamos tomar as medidas para que a inflação permaneça sob controle."


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