São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Agência eleva nota de dívida brasileira

Economistas afirmam que isso não altera perspectiva para investidores

Moody's sobe em um nível a classificação; o esforço fiscal do governo foi o que determinou a melhora


MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

ANA FLOR
DE BRASÍLIA

A agência de classificação de risco Moody's elevou ontem a nota atribuída à dívida do governo brasileiro. Embora o aumento indique que ficou menos arriscado investir no país, economistas ouvidos pela Folha não acreditam que a notícia provoque enxurrada de investimentos estrangeiros por aqui.
"O upgrade das agências é bola para lá de cantada", avalia o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. "Não muda em nada o cenário de fluxos que está dado."
Noutras palavras, não será a nota a responsável por uma queda do dólar ou um aumento do investimento direto de estrangeiros.
O Brasil é considerado grau de investimento pela Moody's desde 2009. É também avaliado dessa maneira pelas agências Fitch e Standard & Poors. A Moody's já havia emitido sinais de que a nota do Brasil seria elevada.
O anúncio de ontem elevou o país do piso de grau de investimento (Baa3) para um degrau acima (Baa2).
Segundo o economista-chefe do Banco Espírito Santo, Jankiel Santos, os investidores já tinham uma melhor percepção do Brasil, no que diz respeito à capacidade de pagamento da dívida.
"Depois de dois anos, a agência faz uma alteração que o mercado já fez", diz.
O determinante para a melhor classificação do Brasil, segundo avaliação de economistas, é o esforço fiscal apresentado pelo governo. A economia para abater os juros da dívida até abril chega a R$ 57,3 bilhões, quase a metade da meta para este ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, consideraram a melhora como um indicativo da robustez da economia brasileira. Mantega enfatizou que o país cresce hoje "em velocidade de cruzeiro".
"Nós nos acostumamos mal com crescimento de 7% [em 2010, a expansão foi de 7,5%]. Mas 4,5% para um ano de ajuste é excelente", disse.
Em comunicado, Tombini afirmou que "os bons fundamentos" da economia brasileira contribuem "para a contínua queda no custo de financiamento do investimento que o país demanda".
A perspectiva da agência segue positiva, o que sugere que uma nova alta poderá ser feita em até um ano e meio. Para isso, diz a Moody's, o país deve seguir num crescimento "mais moderado, embora sustentável" e manter o compromisso fiscal.
O relatório da Moody's apresentou ainda preocupação com a formação de uma bolha de crédito no país. Segundo a agência, esse risco é considerado moderado.
Mesmo com o aumento do crédito no ano passado, Octávio de Barros descarta essa hipótese: "Não há, nem de longe, risco de bolha no Brasil", afirmou. "Acompanhamos as entranhas dos dados de crédito e posso lhe garantir que nem mesmo a luz amarela merece ser acesa."


Texto Anterior: Banco Central: Analistas preveem alta de inflação para 2012
Próximo Texto: Criação de empregos fica abaixo do esperado
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.