São Paulo, quarta-feira, 21 de julho de 2010

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ANÁLISE

Em 15 dias na internet, campanha é atropelada por militância e parece vazia

ALEC DUARTE
EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Os primeiros 15 dias de uma campanha na internet que (ainda) promete ser revolucionária, apesar da boa chance de o reflexo na urna ser pífio pela menor penetração do meio no país, deixaram uma sensação de vazio.
Não seria assim se o fato mais relevante nascido na web até agora tivesse passado pelas campanhas.
Foi justamente a produção de conteúdo espontâneo pela militância, incentivada pelos partidos, que provocou o primeiro grande problema da corrida presidencial.
Ao entrevistar o candidato a vice Indio da Costa e divulgar o material no YouTube, militantes tucanos deram combustível a um tema adormecido (a ligação do PT com as Farc) e provocaram inesperado constrangimento à cúpula do PSDB.
O fato nos fez lembrar como, na web, é muito mais fácil destruir do que construir. O papel das equipes de campanha na internet, por ora, parece ter sido apenas tentar sobreviver a essa máxima.
No caso do PT, o caráter incontrolável da rede provocou um ruído positivo: um publicitário fez uma paródia de Lady Gaga favorável a Dilma Rousseff e tomou a internet de assalto. O vídeo figura entre os mais vistos do mundo desde a semana passada.
Prova de que a contribuição descentralizada pode ter um papel decisivo? Ainda não, até pela desconfiança de que DilmaBoy não passe de um produto de campanha -inevitável lembrar de ObamaGirl, obra da mesma equipe que agora assessora Dilma. Seria óbvio, mas campanhas são assim: óbvias.
Enquanto isso, a rede de simpatizantes do PV repete a trajetória da candidata nas pesquisas: não sai do lugar.
As campanhas também fracassaram na tentativa de alçar suas bandeiras aos termos mais usados no Twitter.
Nenhuma novidade: o debate político, como mostrou a Folha na segunda-feira, não tem encontrado eco na internet. No máximo, reproduz a militância off-line.
A primeira quinzena de campanha comprova perfeitamente essa conclusão.


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