São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2011

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BC sobe taxa de juros e sinaliza fim do ciclo de apertos

Foi o quinto aumento seguido, mas governo aguardará agora que medidas para frear economia tenham efeito no 2º semestre

Com nova alta, Brasil consolida a liderança no ranking dos países com as maiores taxas de juros reais do mundo


EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Banco Central anunciou ontem o quinto aumento seguido da taxa básica de juros (Selic) e deu sinais de que pode ter encerrado o ciclo de aperto monetário.
O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic, referência para o custo do dinheiro a empresas e consumidores, de 12,25% para 12,50% ao ano. A decisão, unânime, já era esperada.
Com a alta, o Brasil se mantém na liderança do grupo de países com os juros mais altos do mundo.
A surpresa ficou por conta da nota divulgada sobre a decisão. O BC retirou a frase sobre aumento de juros "por um período suficientemente prolongado" como sendo a estratégia mais adequada, dos últimos comunicados.
Disse apenas que "avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação", decidiu "neste momento", elevar a taxa Selic.
Segundo a Folha apurou, o governo avalia que a inflação seguiu o caminho esperado, com queda mensal, que ajudou a melhorar as expectativas do mercado, e aumento em 12 meses, que será revertido no fim do ano.
Além disso, espera que medidas já anunciadas tenham efeitos mais nítidos no 2º semestre. Principalmente no mercado de trabalho, uma das principais preocupações do BC e que será o último segmento a reagir.
O governo trabalha ainda com a projeção de que a inflação no último trimestre ficará abaixo da verificada no mesmo período de 2010.
Economistas consultados pelo BC esperavam ao menos mais um aumento de 0,25 ponto na taxa, na próxima reunião de agosto. Alguns ainda apostavam numa terceira alta em outubro.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima, diz que os indicadores econômicos justificam novas altas, mas a chance de que elas ocorram diminuiu. "A nota [do BC] é menos indicativa de espaço para mais altas. O aumento de agosto pode acontecer. Em outubro, é menos provável."
Já Roberto Padovani, do Banco WestLB, diz que o comunicado reforçou a sua projeção de que o BC encerrou o ciclo. "O aumento é suficiente, ainda que seja uma estratégia de risco."
O índice oficial de inflação está acima do teto da meta do BC, de 4,5% ao ano, no acumulado de 12 meses. Em junho, ficou em 6,71%.
Outros dados econômicos, como crédito e produção, já mostram desaceleração.
Ontem, o Ministério do Planejamento aumentou sua projeção de inflação para 2011, de 5,7% para 5,8%.


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