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ANJ negocia acordo com sites de busca
Objetivo é estimular internautas a ler notícias diretamente nas páginas on-line dos veículos que as produziram
Debate sobre direitos autorais e remuneração pelo uso do conteúdo de jornais domina último dia do congresso no Rio
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) está negociando com sites agregadores de
informação, como Google e
Yahoo!, medidas que estimulem os internautas a buscar
as notícias diretamente nas
páginas on-line dos veículos
que as produziram.
O anúncio foi feito no último dia do 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio, pela presidente da entidade e
diretora-superintendente do
Grupo Folha, Judith Brito,
em meio ao debate sobre como garantir o reconhecimento dos direitos autorais e a remuneração do conteúdo de
empresas jornalísticas reproduzido por terceiros na web.
Segundo Brito, as negociações estão adiantadas com o
Google News e devem ter resultados práticos até o fim
deste ano. As medidas incluem a redução do tamanho
dos textos exibidos nesses sites e o aperfeiçoamento dos
critérios de indexação.
Também está sendo negociada a remuneração dos jornais por meio da colocação
de anúncios nas páginas resultantes de buscas de notícias. Além disso, a ANJ estuda criar loja virtual para produtos digitais de associados.
"Nossa meta é buscar formas adequadas de remuneração de nossos conteúdos,
para que o jornalismo de
qualidade continue a desempenhar o papel que tem e
sempre teve em sociedades
democráticas", disse, ao
abrir a mesa que discutiu "o
futuro da mídia digital".
Os participantes da mesa
deixaram claro que os jornais
e essas empresas estão longe
do entendimento completo.
O presidente da Associação Mundial de Jornais, Gavin O"Reilly, conclamou os
jornais a não esquecer de que
"conteúdo ainda é rei" no jornalismo. Ser capaz de ganhar
com ele "é fundamental para
sobreviver".
Por isso, disse, deve haver
cobrança ativa do pagamento dos direitos autorais do
material das empresas jornalísticas, como prevê a Declaração de Hamburgo, proposta por publishers europeus e
assinada em 2009 pela ANJ.
Segundo O"Reilly, 1.600
jornais do mundo já adotaram o ACAP (sigla em inglês
para Protocolo de Acesso Automático a Conteúdo), espécie de código de barra que
pode ser lido por computadores de busca e distingue material passível ou não de ser
reproduzido sem permissão.
A intenção é levar os sites
agregadores a negociar o uso
de parte do conteúdo.
"Não significa sempre que
precisam abrir o talão de cheques. Mas têm que pedir permissão. Se não o fizerem, vão
encontrar cada vez mais conteúdo fechado", afirmou.
Os representantes do Yahoo! e do Google não confrontaram diretamente a legitimidade de cobrança de direitos autorais. Mas disseram
que os jornais precisam fazer
mais para conquistar um leitor que hoje tem mais opções.
"A busca relacionada à notícia visa facilitar o acesso
das pessoas, não se apropriar
do conteúdo. Qualquer um
que não queira ser incluído
pode nos procurar", disse
André Izay, presidente do Yahoo! Brasil.
Rodrigo Velloso, diretor do
Google para novos negócios
na América Latina, afirmou:
"Demonizar o Google está na
moda, como já aconteceu
com a Microsoft. Estamos
abertos a discutir direitos autorais, mas vamos trabalhar
juntos quando convier aos
dois lados".
O'Reilly avaliou que o momento do acerto vai chegar e
condenou o que descreveu
como tática dos sites de escolher alguns veículos para negociar. "Se eles respeitam o
direito autoral, vão ouvir o
que as empresas estão dizendo, que precisa haver um diálogo e que não temos só que
aceitar o que impõem."
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