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Criação de conselho de autorregulamentação tem apoio de grupos de mídia
DO RIO
A criação do conselho de
autorregulamentação dos
jornais proposta pela diretoria da ANJ (Associação Nacional de Jornais) tem apoio
dos principais grupos de mídia impressa do país e é considerada um modo de evitar
qualquer controle externo.
O conselho de autorregulamentação terá por base código de ética do Estatuto da
ANJ, segundo o diretor-presidente do grupo de comunicação RBS, Nelson Sirotsky.
Entre os compromissos
das empresas jornalísticas
listados no código estão a defesa da liberdade de expressão, dos direitos humanos,
da democracia e da livre iniciativa, o sigilo das fontes de
informação, a pluralidade de
opinião e a correção de erros
cometidos nas edições.
Segundo o vice-presidente
das Organizações Globo,
João Roberto Marinho, as
empresas que se associam à
entidade -146 jornais- aderem a esse código. ""O que estamos discutindo é como torná-lo mais efetivo junto aos
nossos associados, que mecanismos criar para ter uma
adesão maior ao código."
Para Sirotsky, o conselho é
um passo decisivo para ""sepultar qualquer outra tentativa de criação fora do nosso
ambiente que possa prejudicar, violentar o exercício sagrado da nossa atividade, seja enquanto profissionais de
jornalismo, seja enquanto
empresas jornalísticas."
Na avaliação de Marinho,
o controle externo poria em
risco a atividade jornalística.
A presidente da ANJ, Judith Brito, reeleita ontem para mandato de mais dois
anos, afirmou que o conselho vai examinar as demandas encaminhadas pela sociedade de práticas que estejam em desacordo com o código de ética da associação.
A ideia inicial é estabelecer sanções que possam ir de
advertência até a desfiliação
do jornal. Uma comissão interna está sendo montada
para estruturar o modelo do
conselho, que teria sete
membros e participação de
jornalistas e de representantes da sociedade.
O presidente da Aner (Associação Nacional de Editoras de Revistas), Roberto
Muylaert, propôs que a discussão seja conduzida em
conjunto pelas entidades.
A criação do conselho foi
aprovada no âmbito da diretoria da ANJ, mas sua implantação terá de ser aprovada pelos associados, em assembleia. Segundo Sirotsky,
o processo deve estar concluído até o final do ano.
CRÍTICAS
No debate sobre o tema ontem, no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, o editor de
opinião de "O Globo", Aluizio Maranhão, revelou preocupação ""com o imenso teor
de subjetividade" da avaliação do produto jornalístico.
Para Maranhão, não é possível comparar o Conselho
Nacional de Autorregulamentação Publicitária, do
qual é membro, com o que
será criado para os jornais.
"A duvida é que entre os
bons propósitos e a vida real,
no exercício da autorregulação, há uma distância grande. Acho importante despertar a fera, mas talvez devamos discutir mais como fazer
isso. O risco é amanhã a associação ser acusada de ser refratária às criticas. Virão as
ONGs, os grupos políticos organizados. Cada demanda
terá que ter uma resposta."
Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril e vice-presidente da Aner, declarou
que é preciso "ocupar o espaço jurídico" após a queda da
Lei de Imprensa. "É mais ou
menos como carregar uma
carga de dinamite. Dá para
ser feito, mas com enorme
cuidado. O risco é imenso."
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