São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Vereadores afastam prefeito de Campinas

Acusado de omissão diante de corrupção na prefeitura, Dr. Hélio é abandonado por aliados e cassado pela Câmara

Vice petista, que nega ter participado de esquema chefiado por primeira-dama, assume cargo e pede trégua


MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

O prefeito de Campinas (SP), Hélio de Oliveira Santos (PDT), foi cassado ontem pela Câmara Municipal, acusado de omissão diante do esquema de corrupção que teria sido montado por sua mulher, Rosely Nassim Santos.
Mais conhecido como Dr. Hélio, ele foi abandonado por sua base de apoio na Câmara. Dos 33 vereadores de Campinas, 32 votaram a favor do impeachment do prefeito. Antes que as irregularidades em sua administração viessem à tona, ele chegou a ter o apoio de 23 vereadores.
O Ministério Público acusa Rosely, que era chefe de gabinete do marido, de comandar um esquema para fraudar licitações da Sanasa, companhia de saneamento básico da cidade, para recolher propinas de empresas responsáveis por obras e serviços.
Dr. Hélio e sua mulher negam as acusações e dizem ser alvo de perseguição política de adversários. Eles não se pronunciaram ontem sobre a decisão da Câmara.
O único vereador que votou a favor de Dr. Hélio, Sérgio Benassi (PC do B), reclamou da falta de provas objetivas. "O julgamento é político, mas nada autoriza que, pela política, se cometa arbitrariedades", afirmou.

GRAVAÇÃO
A sessão de julgamento do prefeito, que começou na quinta-feira, prolongou-se por mais de 44 horas ininterruptas e só foi concluída às 5h25 de ontem.
O cargo será ocupado pelo vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT), suspeito de envolvimento no mesmo esquema de corrupção. Ele nega.
Vilagra também é alvo de um pedido de cassação na Câmara. Em nota, o petista pediu trégua: "Conclamo todos os partidos, vereadores, empresários, mídia e a sociedade para que este seja o momento final da crise".
Os vereadores que faziam parte da base de apoio do prefeito antes que o caso viesse à tona justificaram o voto pela cassação como decisão "partidária" e uma resposta à indignação popular.
O petista Jaírson Canário disse que a mudança de posicionamento ocorreu após a publicação de uma gravação [na véspera do início do processo] em que o vereador Aurélio Cláudio (PDT) dá a entender que os votos favoráveis ao prefeito estariam sendo negociados.
"O PT tinha uma posição que era contra a cassação, mas, depois de um fato novo na imprensa colocando a idoneidade dessa casa em xeque, ficou deliberado que votássemos favorável."
A influência da gravação é, inclusive, o argumento utilizado pela defesa de dr. Hélio para questionar na Justiça a validade do julgamento. Para o advogado Alberto Rollo, os vereadores votaram "constrangidos".


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