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Instituto Lula buscará verba no exterior
Presidente quer financiamento internacional para tocar projetos de infraestrutura na África e na América Latina
Emissários já procuram doações de empreiteiras para construir sede em SP; empresas podem se beneficiar com as obras
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Após deixar o poder, o presidente Lula planeja pedir recursos a organismos internacionais, como o Banco Mundial, para financiar ações de seu futuro instituto na África e na América Latina.
Ele deseja envolver a ONG
em grandes projetos de infraestrutura, que dependerão de ajuda externa para
sair do papel. A ideia é fomentar o desenvolvimento
de países pobres em setores como transporte e energia.
O presidente tem dito a auxiliares que o Instituto Lula
não se limitará a coordenar
estudos e formular políticas
públicas, como se discutiu
inicialmente. Isso significa
que a entidade terá pouco a
ver com o antigo Instituto Cidadania, que ele comandou
antes de assumir o governo.
"Lula pegou gosto pelo papel de empreendedor e vai
usar o instituto para dar continuidade a isso. Ele quer
acompanhar obras, aproximar os governos do setor privado", conta um ministro
que acompanha os debates.
No front interno, emissários do presidente já conversam com empreiteiras em
busca de doações para erguer a sede da ONG, em São
Paulo. Parte dessas empresas pode se beneficiar dos projetos no exterior.
Apontado como responsável por captar dinheiro, o pecuarista José Carlos Bumlai,
amigo de Lula, disse via assessoria que a entidade ainda "não está formalmente
constituída nem tem sede
alugada". Também citado, o
ex-ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento),
copresidente da Brasil Foods, não quis falar.
Segundo aliados, Lula já
descartou a primeira opção
de sede que lhe foi oferecida,
um prédio próximo ao Ibirapuera, e busca em sigilo um terreno para construir.
Em público, o presidente
não faz referência a planos
que envolvam grandes obras
ou financiamento internacional. Só afirma que vai exportar experiências bem-sucedidas na área social e "andar muito pelo Brasil".
Ele tem dividido seus projetos em três frentes: ajudar
países pobres, acelerar a integração da América Latina e
auxiliar a sucessora, Dilma Rousseff, a aprovar a prometida reforma política.
A atuação diplomática deve ser conduzida pelo instituto. Após ensaiar uma candidatura à Secretaria-Geral das Nações Unidas, Lula adotou
o discurso de que o cargo seria destinado a "burocratas",
e não a ex-chefes de Estado.
No entanto, assessores admitem que ele pode ser "convencido" a aceitar a chefia
temporária da Unasul (União
de Nações Sul-Americanas),
vaga após a morte do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, em outubro.
Sobre a atuação no país,
Lula insiste no lema de "rei
morto, rei posto", mas amigos duvidam. "Ele deve fazer
as coisas na moita, para não
parecer que está atravessando a Dilma. Mas não vai se
aguentar muito tempo, não",
aposta um colaborador.
Colaboraram ANDREA MICHAEL e DANIELA LIMA, de São Paulo
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