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Maluf diz ter "ficha mais limpa do Brasil"
Deputado afirma não temer que condenação por compra superfaturada em SP o impeça de disputar reeleição
Defesa diz que pedido
de esclarecimento ao TJ
mantém elegibilidade;
recurso, entretanto, não
anula decisão colegiada
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
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O deputado Paulo Maluf participa de convenção do PP que oficializou candidatura de Celso Russomano ao governo de SP
FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO
Tido como um dos candidatos que ficariam inelegíveis com a aprovação da Lei
da Ficha Limpa, o deputado
federal Paulo Maluf (PP-SP)
afirmou ontem não temer
que sua candidatura seja vetada pela Justiça.
"A minha ficha é a mais
limpa do Brasil. De trabalho,
de realização e 43 anos sem
nenhuma condenação", afirmou o deputado após a convenção do PP-SP.
Apesar de ter sido condenado em decisão colegiada
na segunda instância da Justiça estadual de São Paulo,
Maluf afirmou que não está
enquadrado nas inelegibilidades da Ficha Limpa.
"É bom que se diga: sou
elegível, sou candidato a deputado federal e não tenho
nenhuma condenação. Tenho 43 anos de ficha limpa,
de trabalho", disse.
Em abril deste ano, o TJ-SP
(Tribunal de Justiça de São
Paulo) condenou Maluf, por
2 votos a 1, a devolver mais de
R$ 21 mil aos cofres públicos.
A decisão diz respeito a compra superfaturada de mais de
uma tonelada de frango feita
pela Prefeitura de São Paulo
quando ele era prefeito, de
1993 a 1996.
Os advogados de Maluf fizeram um embargo à declaração do tribunal. Na prática,
pediram esclarecimentos por
alguma dúvida, omissão ou
contradição na decisão. Apesar de impedir o trânsito em
julgado -quando não há
mais possibilidade de recurso-, o agravo não anula a
decisão colegiada.
"MENTIRA"
Confrontado com essa versão, Maluf disse ser "mentira". "Não é verdade. Fui inocentado em primeira instância e o caso está agravado,
portanto não tenho condenação. É mentira."
À Folha, que o questionou
sobre minúcias da condenação, Maluf disse entre risos:
"Você está enganado, meu
anjo. Você foi reprovado na
OAB [Ordem dos Advogados
do Brasil]".
Os advogados de Maluf
preparam a defesa com base
também em um ponto polêmico da Lei da Ficha Limpa,
que trata de improbidade administrativa. O texto diz que
a improbidade precisa ser
um ato "doloso" que "importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito".
A defesa do deputado pretende argumentar que, mesmo com a possibilidade de
ter havido lesão ao patrimônio público, o superfaturamento não foi intencional
nem proporcionou enriquecimento ilegal a Maluf.
Além disso, a defesa trabalha com a tese de que a Lei da
Ficha Limpa possui algumas
inconstitucionalidades.
Um dos advogados de Maluf recebeu consulta de congressistas de outros partidos
que queriam saber se ele trabalharia na elaboração de
uma Adin (Ação Direita de
Inconstitucionalidade) que
questionaria no STF (Supremo Tribunal Federal) a constitucionalidade da lei.
Um candidato ou congressista, no entanto, não poderia ajuizar uma Adin. Os partidos políticos com representação no Congresso são legitimados a fazê-lo, mas as legendas temem que a pecha
de "ficha suja" pegue em
quem propuser a ação.
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