São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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PRESIDENTE 40/ ELEIÇÕES 2010

SABATINA FOLHA
JOSÉ SERRA

Serra acusa Dilma e o PT de "terrorismo eleitoral"

 TUCANO ACUSA PT DE PROPAGAR QUE ELE VAI ACABAR COM BOLSA FAMÍLIA E PRIVATIZAR  FALTA DE VICE NÃO CAUSA "ESTRESSE", DIZ  DILMA DEVERIA PEDIR "DESCULPAS" POR DOSSIÊ ANTI-PSDB

Em sabatina promovida pela Folha e pelo UOL, ontem, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) acusou sua adversária Dilma Rousseff e o PT de fazerem "terrorismo" ao propagar que, se eleito, ele retomaria as privatizações e acabaria com o programa Bolsa Família.
Serra foi o segundo presidenciável a participar da sabatina -à qual chegou 40 minutos atrasado. Dilma Rousseff (PT) cancelou sua ida depois de agendada.
Classificando-se como "candidato do avanço", e não de oposição ou de continuidade, Serra manteve a estratégia de não atacar o presidente Lula.
Em relação a Dilma, cobrou desculpas públicas da candidata em relação ao caso do suposto dossiê elaborado contra ele por integrantes da campanha petista. "Diante das evidências, caberia uma medida mais dramática", disse.

DE SÃO PAULO

Participaram da sabatina Vera Magalhães, editora do caderno Poder; Renata Lo Prete, editora do Painel; Fernando Rodrigues, colunista da Folha e do UOL, e Rodrigo Flores, gerente-geral de notícias do UOL.
Perguntas enviadas por internautas e pela plateia que foi ao Teatro Folha, em São Paulo, também foram respondidas pelo candidato.

 


Bolsa Família
Antes de ser presidente, o Lula chamava [os programas sociais de FHC] de "Bolsa Esmola". Agora, se você usa o programa, fatura politicamente em cima, ou manipula na entrega, isso não significa que, se eu tiver poder, eu vá acabar [com o programa]. Tenho dito que vou fortalecer ligando mais à saúde e ao ensino profissionalizante.
Lembra que numa eleição o PT e a CUT espalharam outdoors dizendo que deputados queriam acabar com o 13º salário? Nunca passou pela cabeça de ninguém isso. Esse é um método terrorista, mas não violento, digamos. Mas é terrorismo.

Privatizações
É um falso assunto. O governo Lula privatizou dois bancos, não reestatizou nada e está fazendo uma nova forma de privatização interessante: ele dá o dinheiro e a empresa ganha a propriedade. Isso é usado mais como terrorismo eleitoral do que como realidade. Dizer que vou privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, é terrorismo em estado puro.

Vice
Eu também tenho uma enorme curiosidade [de saber quem será]. Até o fim do mês resolve. Essa não tem sido uma questão estressante para mim nem para grande parte do PSDB. Estamos procurando fazer uma boa avaliação. Qualquer indicação acaba dando confusão.

Dossiê
Acho que, diante das evidências, caberia uma medida mais dramática, reconhecer, afastar as pessoas publicamente, pedir desculpas. Por que a Receita num governo de um partido vai quebrar o sigilo de alguém e fazer vazar isso à toa? Não é à toa. Eu acho que a melhor coisa quando tem um erro que é óbvio, é se desculpar.

Relação com Lula
Sou o candidato do avanço. Agora, tenho um estilo. Por exemplo, quando era o Collor o presidente, eu era o líder do meu partido na Câmara. Mas ao longo do governo não fiz oposição de tudo ou nada, do quanto pior, melhor. Não acho que as coisas se dividam sempre entre totalmente certo, totalmente errado.

Aprovação de Lula
Claro que eu não temo. Imagina o escândalo que seria: "José Serra teme tal coisa". Posso dizer o seguinte: esta é uma eleição difícil. Nunca disse nada diferente disso.

Duelo com adversários
O eleitor deve olhar e julgar a história, a biografia. Coerência, capacidade de fazer. O Lula é muito experiente. Quando ele entrou no governo, era experiente. Ganhou na quarta vez. FH foi ministro da Fazenda e fez o Plano Real. Tinha experiência.

Marina Silva
Adoraria ser um herdeiro [dos votos], mas a decisão é dos eleitores. Eu até que toparia uma tabelinha, mas não tem. Não acho que a Marina esteja fazendo algum viés. Eu me considero um ambientalista. Isso pode promover proximidades, mas não há nenhum tipo de entendimento político.

Palanque no RJ
Não tem outro caso de candidato a governador com apoio de dois presidenciáveis. Acho [Fernando Gabeira] um grande quadro, uma pessoa que gosto e respeito muito.

Irregularidades na TV
Uma coisa é você pegar alguém que vai ser candidato, ele ir a um programa partidário e falar. Outra coisa é você usar a máquina do governo para fazer campanha.
Houve infração em várias coisas. Por exemplo, falar de crack e no dia seguinte vir programa [de governo] naqueles termos. É tabelinha.

Royalties do pré-sal
Levantar [a discussão] em ano eleitoral é estabelecer a discórdia. Lógico [que sou contra o modelo de partilha aprovado]. Tira tudo do Rio e do Espírito Santo, que estão vivendo até agora com isso.

Volta da CPMF
Essa história de que a CPMF, ao não ser aprovada, prejudicou a saúde é conversa.

Reforma tributária
O governo não tem projeto. Fica como se fosse encontro de consciências. A ideia básica é desonerar investimento. Tem que ser neutra do ponto de vista da produção.
Vamos fazer a Nota Fiscal Brasileira, como fizemos a paulista. Combate a sonegação e devolve 30% do imposto a varejo que as pessoas pagam quando compram.

Reforma da Previdência
Vamos fazer um novo sistema para quem está nascendo hoje, ou para quem tem dez anos de idade. Se tomar isso como ponto de partida, fica muito mais fácil. Ninguém poderia alegar que perdeu nada. Não afeta ninguém que tem direito adquirido.

BC x Santa Sé
Eu disse algo muito óbvio. Acho que tem que funcionar direito, tem que ser entrosado. Sempre tive equipes homogêneas. Não pode ter uma política que vai para um lado e uma que vai para o outro.

Pedágios caros
A Régis Bittencourt e a Fernão Dias são as duas piores estradas de São Paulo. As estaduais funcionam. Quando entrei, em alguns casos, o pedágio foi à metade do que era. Mas em geral o que eu digo é: "Entra na Justiça. Se você ganhar, eu vou aplaudir".

Bolívia e o tráfico
O Brasil nunca fez pressão diplomática na outra direção. Não tem nada a ver com o povo boliviano. É um país pelo qual tenho muito carinho e que tem muitos problemas. Agora, que o governo lá faz corpo mole, faz.

Sanções ao Irã
O Brasil entrou num caminho que não tinha mais volta. Brasil e Turquia acharam que iam resolver o problema do Irã negociando, e não deu certo. Depois, só para marcar posição, votaram contra [as sanções, na ONU]. Eu não teria feito essa negociação por não confiar num ditador. Guardando as proporções, é como o pessoal que confiou em Hitler em Munique.

Relação com Cuba
Sempre defendi que se levantasse o bloqueio americano contra Cuba, que é uma coisa odiosa. Mas, se o Brasil tiver que votar para censurar a falta de direitos humanos em Cuba, vai votar.

Chávez e a Venezuela
Ah, não vou ficar falando da vida dos outros. Dá o maior problema, protesto diplomático... Eu gosto da Venezuela. Adoção por casais gays Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil... Isso vale para qualquer tipo de casal, qualquer tipo de pessoa. Não vejo por que não aproveitar isso.

Aborto Eu não mexeria na atual legislação, que permite aborto no caso de estupro e risco de vida da mãe. Considero o aborto uma coisa terrível. Num país como o nosso, se liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria o trabalho de prevenção à gravidez na adolescência, liberaria gravidez para todo lado, porque vai para o SUS e faz aborto. Também acho um absurdo, como fez o Programa de Direitos Humanos do governo, subscrito pela Dilma, tornar criminoso quem é contra o aborto. Tenha paciência.

Cotas raciais
Sou a favor de ações afirmativas, como é feito na Unicamp. Lá você ganha pontos se vem de escola pública, se é pobre, se é de cor negra.

Ficha Limpa e aliados
A cassação do Jackson Lago e do Cássio Cunha Lima [ex-governadores do MA e da PB] foi absurda. Jackson foi cassado porque o governador o apoiava, os dois em uma solenidade, e o governador a-nunciou não sei o quê. Já foram cassados, já foram punidos com perda do mandato.

FOLHA.com
Veja íntegra da sabatina
folha.com.br/mm754535


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