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Todos os professores do Iuperj se demitem
Com salários atrasados, os 20 docentes serão incorporados à Uerj, onde criarão novo núcleo de pós-graduação
Para deixar a Candido
Mendes, o grupo vai
entrar na Justiça com
um pedido de rescisão
de contrato de trabalho
CRISTINA GRILLO
DO RIO
Os 20 professores do Iuperj
(Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro),
instituição de pós-graduação
ligada à Universidade Candido Mendes, pedem demissão
hoje de manhã.
À tarde, em ato solene com
a presença do governador
Sérgio Cabral, o grupo será
incorporado à Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Contratados como
professores visitantes, eles
formarão um novo núcleo de
pós-graduação.
A decisão de romper com a
Candido Mendes foi tomada
por causa de atrasos nos salários. Há seis meses os professores não recebem. A dívida, de acordo com os docentes, inclui o pagamento de
garantias trabalhistas, como
FGTS e férias.
O Iuperj foi criado em 1964
como instituto de pesquisas.
Em 1969, transformou-se em
centro de pós-graduação e
pesquisa em ciências sociais.
Ele formou 471 mestres e
281 doutores.Tirou conceito
máximo (5) na última avaliação da Capes (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), sobre
o período 2004-2007.
Já fizeram parte de seu
quadro nomes como Bolivar
Lamounier, José Murilo de
Carvalho, Sergio Abranches,
Simon Schwartzman e Wanderley Guilherme dos Santos.
No grupo que segue para a
Uerj estão, entre outros, Fabiano Guilherme Santos, Jairo Nicolau, Luiz Werneck
Vianna, Renato Lessa e Ricardo Benzaquem de Araújo.
NA JUSTIÇA
Para deixar a Candido
Mendes, o grupo vai entrar
na Justiça com um pedido de
rescisão indireta do contrato
de trabalho, previsto na CLT.
O dispositivo pode ser usado
quando o empregador deixar
de cumprir as obrigações
previstas no contrato.
O grupo teve o apoio dos
cerca de 200 alunos da instituição. Em uma carta, os estudantes afirmam que seguirão os professores na Uerj.
Nas negociações com o governador e com o reitor da
Uerj, Ricardo Vieiralves, foi
estabelecido que os membros do grupo seriam recebidos
sem vínculo empregatício,
recebendo bolsas.
O salário médio dos professores do Iuperj é de R$
8.000 brutos. As bolsas são
de R$ 6.700. Ainda assim, os
professores consideraram a
troca vantajosa.
"Melhor ganhar menos,
mas receber, do que ter um
salário mais alto que nunca é
pago", disse um deles.
A Folha apurou que há resistência dos professores da
Uerj à absorção do grupo.
Queixam-se de que eles trabalhariam apenas na pós-graduação, sem dar aulas na
graduação.
"Eles não terão turmas,
mas farão seminários para os
alunos", explica o reitor.
Na universidade, teme-se
também que, depois do fim
das bolsas, o grupo seja incorporado "pela janela", sem
concurso público.
"A contratação será por
concurso", diz Vieiralves.
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