São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Dólar dispara e Mantega vê benefício às exportações

Cotação salta para R$ 1,86 com especulação e maior tensão global

Ministro da Fazenda minimiza efeitos do câmbio na inflação e diz que país está preparado para piora do cenário

DE WASHINGTON
DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA


O dólar ontem voltou a disparar diante das preocupações com a crise internacional. A cotação da moeda subiu 4,25% e atingiu R$ 1,865. Foi a maior alta em um dia desde outubro de 2008.
Em Washington, para participar do encontro anual do Fundo Monetário Internacional, o ministro Guido Mantega (Fazenda) destacou o efeito benéfico da desvalorização do real para as exportações. "Somente agora estamos menos valorizados, o que certamente traz benefício à produção industrial brasileira, os exportadores", afirmou.
Com o dólar mais alto, os produtos brasileiros ficam mais baratos e competitivos no mercado internacional. Por outro lado, economistas têm alertado para o risco de aumento da inflação.
O receio é que os importados mais caros afetem os preços no país se a desvalorização do real persistir. O ministro, no entanto, minimizou esse risco. Sua avaliação é que seria preciso que o patamar atual se mantivesse "por muito tempo" para que afetasse as importações.
"Claro que se houver uma grande desvalorização, isso pode preocupar. Mas seria preciso uma grande piora da crise", disse. Segundo a Folha apurou, o governo não atribui a alta da moeda a uma falta de dólares no mercado. Por isso, não pretende vender parte de suas reservas internacionais.
A equipe econômica acha que a disparada do dólar está relacionada à corrida de investidores no mercado futuro, no qual são negociados contratos de câmbio.
Até julho e meados de agosto, grandes bancos achavam que o dólar continuaria fraco, e apostavam na alta do real no mercado futuro. Esse movimento provocou forte queda do dólar na época. Nas últimas semanas, após o corte na taxa básica de juros para 12% ao ano, a posição das grandes instituições financeiras se inverteu.
Para o governo, o problema no mercado futuro será resolvido em poucos dias. Logo, não haverá necessidade de fazer intervenções.

APOSTAS
Especialistas não descartam que a taxa de câmbio ainda poderá oscilar de R$ 1,90 a R$ 2 por conta de tensões globais. Mas muitos acham que a tendência de longo prazo é de valorização do real.
"Está todo mundo gritando 'fogo' agora, mas em algum momento esse dólar vai ter voltar a refletir os fundamentos [da economia]", diz André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.
Entre os fundamentos ele cita os juros ainda altos, que atraem investidores, e percepção de risco menor em relação ao país.
(LUCIANA COELHO, EPAMINONDAS NETO E EDUARDO CUCULO)


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