São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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Aliado de Dilma furtou dados, diz jornalista

Amaury Ribeiro Jr. afirma "ter certeza" de que Rui Falcão, coordenador da petista, copiou informações contra Serra

Segundo o pivô do caso, ele teve seus arquivos copiados em seu quarto de hotel no DF; Falcão contesta as acusações

FERNANDA ODILLA
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Em depoimento à Polícia Federal, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior disse "ter certeza" de que foi o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), coordenador de imprensa da campanha de Dilma Rousseff (PT), quem copiou de seu computador dados de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB).
Esses dados com informações sigilosas faziam parte de investigação do jornalista sobre privatizações no governo FHC e, como a Folha revelou em junho, estavam em dossiê que circulou neste ano na pré-campanha de Dilma.
Na conversa com a PF, o repórter disse que em nenhum momento entregou seu "material a qualquer pessoa e acredita, com veemência, que o mesmo foi copiado de seu notebook".
O furto dos dados, segundo ele, teria sido feito quando ocupava um apartamento do hotel Meliá Brasília, de propriedade de uma pessoa cujo primeiro nome é "Jorge" e que a PF tenta localizar.
Segundo Amaury, Jorge seria o "responsável pela administração dos gastos da casa do Lago Sul [usada pela equipe de imprensa do PT] e da campanha de Dilma".
O jornalista diz "ter certeza que tal material foi copiado pelo deputado Rui Falcão, pois somente ele tinha a chave do apartamento".
No depoimento, ele informou ainda que o deputado "já havia residido" no local e que o nome dele "constava da portaria do hotel como ocupante daquela unidade".
Além desse fato, Amaury baseia sua convicção no relato de jornalistas que teriam lhe revelado que Rui Falcão seria um dos responsáveis pela "denúncia da existência do novo "grupo de aloprados'" dentro do PT.
Amaury não explicou à PF por que nunca deu queixa do furto. À Folha, em junho, disse que não agiu por causa de apelo de Luiz Lanzetta.
A imprensa havia revelado que Lanzetta, amigo de Amaury e responsável pela equipe de imprensa e despesas logísticas da pré-campanha, estava montando "grupo de inteligência" para reunir munição contra Serra.
O relato feito pela revista "Veja" de um desses encontros serviu de estopim para o comando da campanha desmantelar a equipe.
Na época, Lanzetta negou que Serra seria alvo. Admitiu que buscava montar equipe para identificar quem estaria vazando dados do comitê petista. Em entrevistas, ele atribuiu o vazamento da atuação do "grupo de inteligência" a aliados de Marta Suplicy no PT. Rui Falcão é um deles.
À PF, no dia 15 de outubro, Amaury também relacionou Rui Falcão a uma operação de "fogo amigo" no PT.
Ele disse que "passou a suspeitar que os responsáveis pelo vazamento [de dentro do comitê] poderiam ser ligados à própria campanha", numa tentativa de tirar poder na área de imprensa da equipe de Lanzetta.
Segundo Amaury, havia uma disputa entre uma empresa ligada a Falcão e Lanzetta, que teria acabado na acusação de existência de um grupo de "aloprados" na campanha e na cópia de seus documentos sobre a privatização no governo FHC.
O jornalista disse que a investigação começou em 2000 e foi retomada em dezembro de 2007, quando trabalhava no jornal "Estado de Minas" e teria "tomado ciência de que um grupo clandestino de inteligência estaria seguindo o então governador tucano Aécio Neves".
Amaury disse que foi informado que se "tratava de grupo que trabalhava para Serra, sob comando do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ)". Itagiba nega. Aécio refuta ter pedido apuração.


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