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ANÁLISE
Lula, pobres e NE contam história da eleição
Variações mais relevantes ocorrem entre eleitores de renda de 5 a 10 salários mínimos e que têm ensino médio
JOSÉ SERRA PERDEU ELEITORES DE MARINA; SEM PAUTA RELIGIOSA E SEM NOVIDADES DE IMPACTO NA POLÍTICA, PRESTÍGIO DE LULA VOLTA A TER PESO
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VINICIUS TORRES FREIRE
COLUNISTA DA FOLHA
Na ausência de notícias
em tese chocantes, a grande
história da eleição presidencial de 2010 ainda parece depender da condição social do
eleitor, do Nordeste e do
prestígio de Lula. É o que indica a pesquisa Datafolha.
Em relação à pesquisa da
semana passada, as variações de voto mais relevantes
ocorreram entre os eleitores
de renda familiar de 5 a 10 salários mínimos e entre aqueles que fizeram o ensino médio, ambas favoráveis a Dilma Rousseff (PT).
Numa eleição ainda disputada, vale notar que José Serra (PSDB) perdeu eleitores
que haviam votado em Marina Silva (PV).
Mas é preciso lembrar que,
na contagem geral das intenções de voto, as variações da
pesquisa Datafolha têm sido
bem pequenas. Numa perspectiva algo mais ampla,
considerando a diferença entre o levantamento encerrado ontem e o realizado cinco
dias depois do primeiro turno, a vantagem de Dilma sobre Serra passou de 7 pontos
percentuais para 10.
VOTO "IDH"
O avanço de Dilma se deu
de modo quase previsível, se
consideradas as tendências
registradas desde o início da
campanha na TV.
Dilma batia Serra por 62%
a 31% das intenções de voto
do Nordeste, na primeira
pesquisa realizada depois do
primeiro turno. Na pesquisa
divulgada hoje, vence por
65% a 28%. Entre o eleitorado de renda inferior a dois salários mínimos a distância
entre petista e tucano passou
de 15 pontos para 21.
Também nesse intervalo
de tempo, a virada menos óbvia de Dilma sobre Serra
ocorreu entre setores "médios", os eleitores de renda
entre 5 e 10 salários mínimos.
Dilma perdia por oito pontos
logo depois do primeiro turno. Agora vence Serra por
cinco pontos de diferença.
O prestígio de Lula cresceu
mais após o primeiro turno.
O voto em Dilma está bem
correlacionado ao voto em
Lula em 2006 e ao prestígio
do presidente. Sem notícias
de corrupção ou campanhas
religiosas, o vetor principal
do voto é o "índice de desenvolvimento humano" (IDH)
baixo, que faz anos impulsiona muito mais o voto no lulismo que em seus opositores.
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