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Arquivos da Aeronáutica resgatam óvnis "brasileiros"
Aparições de objetos não esclarecidas nos anos 90 agora vêm a público
Especialistas, porém, criticam a Força Aérea e afirmam acreditar que ela ainda esconde papéis ultrassecretos
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
No dia 20 de março de
1996, cinco cidades gaúchas
registraram a presença de estranhos objetos no céu.
Havia variações em cada
caso, mas o denominador comum foi a dúvida levantada
pelos episódios: relevantes o
suficiente para serem registrados no longo compêndio
da Aeronáutica sobre incidentes com óvnis.
A mais recente leva de documentos do "Arquivo X"
brasileiro foi obtida pela Folha. Nela, sobressai o caso
gaúcho, mas há vários outros relatos de aparições.
O episódio no Rio Grande
do Sul foi documentado por
sete pessoas de cidades diferentes no Estado. Em Pelotas, um médico disse ter visto um objeto maior que uma
estrela e de cor variada.
Em Novo Hamburgo, outro relato de uma dona de casa. Naquele dia, em Santa
Cruz, uma bancária registrou
ter avistado, em companhia
"da vizinhança inteira", um
objeto voando lentamente.
Seja o que for, entrou para
os arquivos "confidenciais".
Esses depoimentos estão
contidos nas 793 páginas de
documentos sobre óvnis recém-encaminhados pela Aeronáutica ao Arquivo Nacional. Antes sigilosos, agora os
relatos vêm a público.
Eles se referem aos anos
90 e compõem o penúltimo
lote de material a ser liberado pela instituição -ainda
resta o dos anos 2000.
Em sua maioria, são informações dadas por civis, leigos em relação ao tema.
Em comparação com materiais mais antigos (de 1952
a 1989), há menos documentos de órgãos oficiais. Nos
anos 70 e 80, o SNI (órgão de
espionagem da ditadura) e a
Aeronáutica produziram relatórios próprios sobre óvnis.
Também não há material
sobre o famoso episódio do
"ET de Varginha", em 1996,
pois a Aeronáutica não teria
se envolvido no caso.
Os óvnis não eram (e não
são) sistematicamente estudados por falta de estrutura,
diz a Aeronáutica, e os relatos eram arquivados.
Existiram, porém, investimentos oficiais em casos específicos, como na "noite oficial dos óvnis", em 1986.
Nesta noite, radares registraram pontos no céu na região de São José dos Campos
(SP) avistados por pelo menos uma aeronave. Caças decolaram para checar.
A Aeronáutica não explicou o caso, mas concluiu em
relatório que os fenômenos
refletiam "inteligência".
A reticência atual da Aeronáutica é alvo de críticas.
"Desconfio que estejam faltando relatos ultrassecretos", diz Fernando Ramalho,
presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos.
"É apenas a ponta do iceberg", diz Ademar Gevaerd,
editor da "Revista UFO".
Não há mais documentos
secretos, diz a Aeronáutica,
que promete repassar regularmente ao arquivo os novos relatos de óvnis.
Há controvérsias. "Se um
fenômeno extraordinário
acontecer, evidente que isso
será mantido sob sigilo", diz
o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante-geral
de operações aéreas, que já
coordenou o setor responsável por esses arquivos.
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