São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Em 1947, primeiro registro nos EUA gerou epidemia de relatos

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

Discos voadores, abduções e alienígenas. O que há de cientificamente palpável nessas histórias e o que é fruto de delírio? A crer em estudos que receberam o crivo da ciência, podemos praticamente descartar os dois primeiros como miragens e manifestações psiquiátricas. Já a existência de vida fora da Terra é objeto de alguma pesquisa e intensa especulação.
Embora a noção de outros mundos habitados seja antiga -ela já recebeu o apoio de filósofos tão diversos como Tales, Epicuro, Kant e Benjamin Franklin-, a ideia de que extraterráqueos nos visitam é bem datada.
Ela surgiu em 1947 nos EUA, depois que o piloto de avião Kenneth Arnold relatou ter avistado objetos voadores não identificados (Óvnis). Nos anos 50, os relatos de visões e encontros adquiriram um padrão epidêmico.
A Força Aérea dos EUA pôs-se a registrar e investigar centenas desses casos.
Em 1966, a Universidade do Colorado escolheu 56 histórias para investigar melhor, sob o comando do físico Edward Condon. Dois anos depois, o relatório intitulado "Estudo Científico dos Óvnis" concluía que não valia a pena seguir pesquisando esse tipo de fenômeno.
Os ufólogos, é claro, não gostaram e atacaram o relatório, que, entretanto, foi referendado pela Academia Nacional de Ciências.
Um outro golpe contra os discos voadores veio em 1950, na forma do paradoxo de Fermi, no qual o físico perguntava: se alienígenas extraterrestres são comuns, por que eles não são óbvios?
Para responder a ele, entusiastas dos Óvnis costumam recorrer a toda sorte de teorias conspiratórias, como a de que governos escondem as evidências e até alguns ETs. Já os cientistas puseram-se a procurar pelos alienígenas, seja na forma de vida inteligente, seja, mais modestamente, como micróbios.
Na primeira categoria estão iniciativas como o Seti, que há 40 anos busca por sinais de rádio oriundos de planetas distantes.
Na segunda, estão as sondas que despachamos para vários pontos do sistema solar. As que foram a Marte, por exemplo, embora não tenham encontrado homens verdes nem bactérias marcianas, revelaram indícios que reforçam a suspeita de que pode haver ou ter havido ali atividade microbiana.
O pressuposto aqui é o princípio da mediocridade: se existe vida na Terra e ela é um planeta sem nada de excepcional, deve haver seres vivos em muitos mundos.
Contrapõe-se a ele a hipótese da Terra rara: o surgimento de vida multicelular é um evento menos comum, pois depende de uma combinação improvável de fatores astrofísicos e geológicos.
Seja como for, se existem aliens com capacidade tecnológica para construir discos voadores, é melhor ficarmos longe deles, para não acabar como os habitantes do Novo Mundo após a chegada dos europeus.


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