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ANÁLISE
Em 1947, primeiro registro nos EUA gerou epidemia de relatos
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Discos voadores, abduções e alienígenas. O que há
de cientificamente palpável
nessas histórias e o que é fruto de delírio? A crer em estudos que receberam o crivo da
ciência, podemos praticamente descartar os dois primeiros como miragens e manifestações psiquiátricas. Já
a existência de vida fora da
Terra é objeto de alguma pesquisa e intensa especulação.
Embora a noção de outros
mundos habitados seja antiga -ela já recebeu o apoio de
filósofos tão diversos como
Tales, Epicuro, Kant e Benjamin Franklin-, a ideia de
que extraterráqueos nos visitam é bem datada.
Ela surgiu em 1947 nos
EUA, depois que o piloto de
avião Kenneth Arnold relatou ter avistado objetos voadores não identificados (Óvnis). Nos anos 50, os relatos
de visões e encontros adquiriram um padrão epidêmico.
A Força Aérea dos EUA
pôs-se a registrar e investigar
centenas desses casos.
Em 1966, a Universidade
do Colorado escolheu 56 histórias para investigar melhor, sob o comando do físico
Edward Condon. Dois anos
depois, o relatório intitulado
"Estudo Científico dos Óvnis" concluía que não valia a
pena seguir pesquisando esse tipo de fenômeno.
Os ufólogos, é claro, não
gostaram e atacaram o relatório, que, entretanto, foi referendado pela Academia
Nacional de Ciências.
Um outro golpe contra os
discos voadores veio em
1950, na forma do paradoxo
de Fermi, no qual o físico perguntava: se alienígenas extraterrestres são comuns, por
que eles não são óbvios?
Para responder a ele, entusiastas dos Óvnis costumam
recorrer a toda sorte de teorias conspiratórias, como a
de que governos escondem
as evidências e até alguns
ETs. Já os cientistas puseram-se a procurar pelos alienígenas, seja na forma de vida inteligente, seja, mais modestamente, como micróbios.
Na primeira categoria estão iniciativas como o Seti,
que há 40 anos busca por sinais de rádio oriundos de
planetas distantes.
Na segunda, estão as sondas que despachamos para
vários pontos do sistema solar. As que foram a Marte, por
exemplo, embora não tenham encontrado homens
verdes nem bactérias marcianas, revelaram indícios que
reforçam a suspeita de que
pode haver ou ter havido ali
atividade microbiana.
O pressuposto aqui é o
princípio da mediocridade:
se existe vida na Terra e ela é
um planeta sem nada de excepcional, deve haver seres
vivos em muitos mundos.
Contrapõe-se a ele a hipótese da Terra rara: o surgimento de vida multicelular é
um evento menos comum,
pois depende de uma combinação improvável de fatores
astrofísicos e geológicos.
Seja como for, se existem
aliens com capacidade tecnológica para construir discos voadores, é melhor ficarmos longe deles, para não
acabar como os habitantes
do Novo Mundo após a chegada dos europeus.
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