São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Governo estuda rever medidas cambiais com novo cenário

EDUARDO CUCOLO
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Em estado de alerta com a alta do dólar, o governo interveio no mercado e já estuda novas medidas para conter a desvalorização do real em relação à moeda americana.
Uma das ideias em discussão é ajustar ou mesmo revogar a medida que em julho taxou operações cambiais no mercado futuro, um dos fatores que contribuíram para o dólar subir nos últimos dias.
A medida foi aprovada num cenário diferente do atual, em que o dólar estava em queda e o governo desejava que o real se desvalorizasse.
Mas o salto repentino do dólar nos últimos dias, provocado pelas incertezas dos investidores diante da crise global, causou uma desvalorização muito abrupta do real e isso pode prejudicar empresas brasileiras com dívidas e negócios no exterior.
Desde o início do mês, o real se desvalorizou 19% em relação à moeda americana.
A equipe econômica também estuda a possibilidade de retirar limites impostos a negócios dos bancos com dólares e rever a taxação de empréstimos tomados no exterior, medidas adotadas quando o dólar estava em queda.
Ontem, pela primeira vez desde junho de 2009, o Banco Central interveio no mercado vendendo contratos de câmbio que protegem investidores contra a alta do dólar.
Foram negociados US$ 2,75 bilhões, metade do que foi ofertado pelo BC, que colocou um volume alto no leilão para mostrar que era capaz de atender à demanda dos investidores com folga e não ficaria imobilizado.
Antes da intervenção, a cotação da moeda americana chegou a bater em R$ 1,963. O dólar chegou ao fim do dia cotado a R$ 1,895 e em alta.
A alta repentina do dólar encarece produtos importados e pode alimentar pressões sobre a inflação, que se encontra acima do teto da meta estabelecida pelo governo para este ano, de 6,5%.
A equipe econômica não identificou até agora nenhum sinal de que bancos ou empresas brasileiras enfrentem dificuldades financeiras sérias por causa do câmbio.
Está descartada, por ora, a venda de dólares das reservas internacionais, pois não faltam dólares na praça, nem foi detectado um movimento de fuga de divisas do país.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, afirmou ontem que o BC vai continuar a atuar no mercado futuro "enquanto entender que as condições de liquidez não são adequadas".
Embora a alta do dólar torne as exportações brasileiras competitivas no mercado externo, variações muito fortes das cotações prejudicam o planejamento das empresas.
"Ninguém vai decidir exportar ou trocar de fornecedor se o dólar não se estabilizar em um novo patamar", disse o economista Júlio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

Colaborou MARIANA SCHREIBER, de São Paulo


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