São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Brasil está 'a postos' para atuar, diz Dilma

Em Nova York, presidente afirma que pode tomar medidas para atenuar impacto da crise no país, mas não revela quais

No último dia da visita aos EUA, Dilma diz que país busca equilíbrio entre o crescimento e o combate à inflação


Rony Maltz/Folhapress
Presidente Dilma Rousseff caminha em Nova York ao lado dos ministros Antonio Patriota (à esq.) e Aloizio Mercadante

ÁLVARO FAGUNDES
VERENA FORNETTI

DE NOVA YORK

No dia em que o dólar chegou a bater R$ 1,90, a presidente Dilma Rousseff afirmou em Nova York que o governo está "a postos" para tomar medidas para atenuar o impacto da crise no país sem dizer, porém, quais seriam.
"Quero dizer que estamos prontos", disse a presidente.
Dilma cobrou medidas urgentes dos países ricos e destacou que o Brasil quer participar do diagnóstico da crise.
A presidente disse que a solução para a instabilidade grega não pode ser protelada. "Quanto mais céleres as medidas melhor para todos."
No último dia de sua viagem, ela falou durante cerca de 35 minutos, após ter evitado os jornalistas por quatro dias. Não quis se pronunciar sobre assuntos domésticos, embora tenha comentado brevemente a aprovação da Comissão da Verdade.
Afirmou que estava contente com a repercussão da sua participação na ONU. A presidente recebeu mais de 100 pedidos de reuniões bilaterais. Atendeu a nove.

 

Inflação e câmbio
Dilma disse que a tendência é de queda de inflação e que o país busca equilíbrio. "Nosso olhar está dividido entre conter a inflação e sustentar o crescimento."
Destacou que o Brasil por enquanto recorrerá a medidas usuais, como intervenções pontuais para evitar oscilações bruscas no câmbio.
Para a presidente, a guerra cambial vai continuar enquanto países adotarem políticas monetárias expansionistas e colocarem seus juros a zero. "Isso cria uma competitividade adversa e indevida." Foi uma referência aos EUA. Destacou ainda que os países devem atentar para o impacto das suas medidas nos países vizinhos.

Solução para a crise
Dilma cobrou um resgate ordenado das finanças da Grécia. "Não posso te convidar para festa de debutante e não deixar comer o bolo", disse, referindo-se à responsabilidade da União Europeia no resgate do parceiro.
Destacou que "ninguém acredita" que o pacote de ajuda aprovado para o país seja suficiente e a recuperação grega não pode vir de corte de gastos. "Você não pode fazer cortes de 20%, cortar o funcionalismo, vender Partenon e ilhas gregas."
Sugeriu uma linha de financiamento para a Grécia, a redução das dívidas e a adoção de novas medidas antes da próxima reunião do G20, em novembro.

Participação do Brasil
Dilma argumentou que o Brasil tem condições de participar da soluções para a crise, mas disse que o país não acredita que o melhor caminho seja usar dinheiro das reservas no fundo europeu cuja meta é evitar calote de economias da região.
"Faremos qualquer medida que o mundo reparta entre si desde que fique claro o caminho que querem adotar. Repito: [a piora da crise] é uma falta de recursos políticos, e não financeiros."

Recessão
A presidente defendeu que as saídas para a crise não estimulem recessão. Disse que a crise da dívida dos países latino-americanos nos anos 1980 provou que esse caminho não é solução.
Destacou que os países emergentes têm a responsabilidade de impedir uma desaceleração. "Somos os segmentos hoje que seguram o crescimento internacional."

Política interna
Dilma elogiou a aprovação da Comissão da Verdade. "É importante para a posição do Brasil diante do mundo." Na manhã de ontem, na ONU, havia ressaltado o compromisso do Brasil com o uso da energia nuclear somente para fins pacíficos.
Afirmou que a política de inclusão social tem que ser completada com melhora nos serviços públicos, notadamente saúde e educação.

Papel Global
Defendeu novamente a participação permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e destacou que os ministros de economia e presidentes de Banco Centrais da América do Sul devem se reunir para coordenar ações contra a crise.


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