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WIKILEAKS PAPÉIS BRASILEIROS
EUA queriam encontro com alto escalão sobre o Irã
Aproximação com Teerã causava desconforto
DE SÃO PAULO
A Embaixada dos EUA em
Brasília manifestou crescente preocupação com a aproximação entre o governo Lula e o Irã, iniciada no ano passado, e cobrou encontros de
alto escalão entre os dois países para tratar da questão.
O desconforto com as gestões brasileiras com Teerã está registrado em despachos
diplomáticos dos EUA revelados pela ONG WikiLeaks
(www.wikileaks.ch). A Folha é um dos sete veículos de
imprensa que possuem acesso antecipado ao material.
Em telegrama de 6 de novembro de 2009, a ministra
conselheira da embaixada
americana, Lisa Kubiske, relatava encontros com membros do Itamaraty para tratar
da viagem do iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil no fim daquele mês.
"O Brasil ainda não entende completamente a dinâmica que cerca o Irã e o Oriente
Médio, e seu frenético esforço de se engajar com todos
os atores da região aumenta
o potencial de erros e de mal-entendidos", disse Kubiske.
"A missão [embaixada] renova seu pedido para que
um especialista em Oriente
Médio de Washington venha
a Brasília se encontrar com
altos funcionários da Presidência e do Itamaraty para
apresentar a nossa visão."
Dez dias depois, texto assinado pela secretária de Estado Hillary Clinton detalhava a posição dos EUA sobre
proposta de troca de urânio
do Irã por material para uso
medicinal pelos iranianos.
Os EUA suspeitam que o
programa nuclear do Irã vise
obter a bomba atômica. O regime iraniano, porém, nega.
Em março deste ano, Hillary veio ao Brasil e se encontrou com Lula e o chanceler Celso Amorim. Divergências sobre o Irã foram
manifestadas em público.
Dois meses mais tarde, o
Brasil mediaria, ao lado da
Turquia, uma contraproposta ao acordo.
A iniciativa foi mal recebida pela Casa Branca, que liderou esforços para a aplicação de novas sanções a Teerã
pelo Conselho de Segurança
das Nações Unidas.
Em outros textos, segundo
Kubiske, membros do Itamaraty dizem acreditar que o Irã
não vai desistir do programa
nuclear e que não duvidam
de que ele tenha fim militar.
Reforçam, porém, rejeição às
sanções na ONU e a posição
de que a única saída ao impasse são as negociações.
Colaborou FERNANDO RODRIGUES,
de Brasília
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