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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Lula idealiza recriação do clima do Real
Presidente pretende evocar os pleitos de 1994 e de 1998, quando FHC prevaleceu sobre ele no primeiro turno
Distribuição de renda, crescimento econômico e estabilidade são os "três reais" que petista crê dispor na eleição
JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA
Condutor de sua sucessão,
Lula idealizou para 2010 uma
atmosfera que evoca os pleitos de 1994 e de 1998. No primeiro, como responsável pelo Plano Real, o então ministro da Fazenda, Fernando
Henrique Cardoso, foi o candidato da continuidade.
Os eleitores se dividiram
entre os que queriam entregar a Presidência ao homem
que domava a inflação e os
que preferiam seus opositores. Vivia-se uma quadra de
sim ou não a FHC. Algo que
pode ser traduzido num vocábulo: plebiscito.
Dali a quatro anos, o eleitorado daria um novo voto de
confiança ao tucano. Nos
dois casos, FHC prevaleceu
sobre Lula no primeiro turno.
Dá-se agora, imagina o cabo
eleitoral de Dilma Rousseff,
algo bastante semelhante.
Em diálogo que manteve
com uma liderança do PT antes de ir ao Irã, Lula disse que
não dispõe de um Real, mas
de três: estabilidade monetária, crescimento econômico e
distribuição de renda.
Imagina que são esses os
elementos que lhe permitirão
prover a Dilma o mesmo clima plebiscitário que rendeu
dois mandatos a FHC. Planeja reduzir o rival tucano José
Serra à condição do Lula de
94 e 98: uma ameaça de descontinuidade.
Lula saboreia o desempenho de Dilma nas pesquisas.
"E olha que eu ainda nem pedi para as pessoas votarem
nela", jacta-se, entre risos.
Numa campanha escorada na "emoção", o PT pretende fazer da despedida de Lula alavanca. Imagina-se que,
politizado, o adeus de Lula
surtirá dois efeitos.
Primeiro, compensará a
falta de carisma de Dilma.
Como subproduto, realçará a
falta de magnetismo do rival
tucano José Serra.
O PT acredita que a estratégia pode tonificar também
as pretensões de seus candidatos aos governos estaduais
e ao Congresso.
VAZIO
Às voltas com uma eleição
difícil em São Paulo, o petista
Aloizio Mercadante (13%, segundo o último Datafolha),
compra a tese: "Quando o
Lula começar a se despedir,
vai ficar um sentimento de
vazio". Acrescenta: "A despedida vai gerar enorme
emoção. E voto é emoção".
Na outra ponta da disputa,
Serra experimenta uma situação dicotômica. Tornou-se um oposicionista "sui generis". Na semana passada,
disse que Lula "está acima do
bem e do mal".
Tenta se firmar como um
candidato mais capaz do que
Dilma, para manter e aprimorar o legado de Lula.
Hoje, Lula tenta "desconstruir" o discurso continuísta
do rival. Dirá ao eleitor que,
no plebiscito de 2010, Serra
simboliza o "não".
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