São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Lula idealiza recriação do clima do Real

Presidente pretende evocar os pleitos de 1994 e de 1998, quando FHC prevaleceu sobre ele no primeiro turno

Distribuição de renda, crescimento econômico e estabilidade são os "três reais" que petista crê dispor na eleição

JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA

Condutor de sua sucessão, Lula idealizou para 2010 uma atmosfera que evoca os pleitos de 1994 e de 1998. No primeiro, como responsável pelo Plano Real, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi o candidato da continuidade.
Os eleitores se dividiram entre os que queriam entregar a Presidência ao homem que domava a inflação e os que preferiam seus opositores. Vivia-se uma quadra de sim ou não a FHC. Algo que pode ser traduzido num vocábulo: plebiscito.
Dali a quatro anos, o eleitorado daria um novo voto de confiança ao tucano. Nos dois casos, FHC prevaleceu sobre Lula no primeiro turno. Dá-se agora, imagina o cabo eleitoral de Dilma Rousseff, algo bastante semelhante.
Em diálogo que manteve com uma liderança do PT antes de ir ao Irã, Lula disse que não dispõe de um Real, mas de três: estabilidade monetária, crescimento econômico e distribuição de renda.
Imagina que são esses os elementos que lhe permitirão prover a Dilma o mesmo clima plebiscitário que rendeu dois mandatos a FHC. Planeja reduzir o rival tucano José Serra à condição do Lula de 94 e 98: uma ameaça de descontinuidade.
Lula saboreia o desempenho de Dilma nas pesquisas. "E olha que eu ainda nem pedi para as pessoas votarem nela", jacta-se, entre risos.
Numa campanha escorada na "emoção", o PT pretende fazer da despedida de Lula alavanca. Imagina-se que, politizado, o adeus de Lula surtirá dois efeitos.
Primeiro, compensará a falta de carisma de Dilma. Como subproduto, realçará a falta de magnetismo do rival tucano José Serra.
O PT acredita que a estratégia pode tonificar também as pretensões de seus candidatos aos governos estaduais e ao Congresso.

VAZIO
Às voltas com uma eleição difícil em São Paulo, o petista Aloizio Mercadante (13%, segundo o último Datafolha), compra a tese: "Quando o Lula começar a se despedir, vai ficar um sentimento de vazio". Acrescenta: "A despedida vai gerar enorme emoção. E voto é emoção".
Na outra ponta da disputa, Serra experimenta uma situação dicotômica. Tornou-se um oposicionista "sui generis". Na semana passada, disse que Lula "está acima do bem e do mal".
Tenta se firmar como um candidato mais capaz do que Dilma, para manter e aprimorar o legado de Lula.
Hoje, Lula tenta "desconstruir" o discurso continuísta do rival. Dirá ao eleitor que, no plebiscito de 2010, Serra simboliza o "não".


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