São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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Motoristas enfrentam cratera de até 10 metros em rodovia

No trecho que vai de Fortaleza até o interior do Estado, carros sobem nas encostas, invadem acostamento e até pista contrária

PEDRO LEAL FONSECA
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

O motorista que percorre a BR-020, que liga Fortaleza ao interior do Ceará, precisa atravessar 40 quilômetros em baixa velocidade, desviando de crateras de até 10 metros de extensão com a visão prejudicada pelo barro que toma o lugar do asfalto.
Numa espécie de rali em rodovia federal, carros, carretas, motos e ônibus sobem e descem nas encostas, invadem o acostamento (onde ele existe) e, eventualmente, sem alternativas, param e esperam que os veículos da pista contrária passem, para então seguir na contramão.
Foram as condições da estrada que levaram o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), a fazer duras críticas ao Ministério dos Transportes, dois meses antes da atual crise na pasta.
A Folha percorreu cem quilômetros do trecho que liga a capital cearense a Canindé. A primeira metade é a mais deteriorada e concentra o maior número de acidentes. Só em 2011, foram 320, com 18 mortes.
Quem vence os primeiros 40 quilômetros se depara com um trecho recentemente reformado pelo Dnit, em melhores condições de tráfego.
Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgado em maio, porém, aponta irregularidades nessa obra, como superfaturamento e uso de material de baixa qualidade. Se a previsão se comprovar, o trecho reformado -onde já há marcas de recapeamento com asfalto mais novo do que o utilizado na obra- pode se transformar em uma nova etapa do rali.

UM PNEU POR SEMANA
A apenas 20 quilômetros de Fortaleza, a reportagem encontrou uma família que havia estacionado o carro para trocar o pneu. "Na semana passada, foi a mesma coisa. Andávamos por aqui e um pneu furou.
Era noite, uma ambulância teve que vir nos socorrer. Há 15 dias, minha vizinha morreu depois de o carro capotar três vezes", afirma a empregada doméstica Lúcia Elaine Silva. Ela atravessava a estrada com o marido e a filha.
A cinco quilômetros dali, o borracheiro Denis Silva aguardava clientes. São, ao menos, seis por dia, diz ele.
"Até melhorou um pouco ultimamente porque parou de chover. Mas a buraqueira continua a mesma", diz o produtor rural Domingos Ramos, que passa pela rodovia duas vezes por mês.

FOLHA.com
Veja a situação da rodovia no Ceará
folha.com/mm948770


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