São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Lindberg prega "distensionamento político" com o PSDB

Ex-líder dos cara-pintadas, petista diz que não sabe se estenderá a mão para Collor, caso este permaneça na base aliada no Senado

ITALO NOGUEIRA
PLÍNIO FRAGA

DO RIO

Candidato ao Senado pelo PT do Rio, o paraibano Lindberg Farias, 40, prega o "distensionamento político" com o PSDB e defende que seu partido inicie diálogo com os tucanos por uma agenda comum para que um eventual governo Dilma Rousseff dependa menos do PMDB e de "grupos fisiológicos".
"Facilitaria para a Dilma na composição do governo", diz ele, com 40% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Ex-presidente da UNE que surgiu na política ao ir às ruas pedir o impeachment de Fernando Collor, Lindberg pode se tornar companheiro de bancada do ex-presidente no Senado: "Não sei se estiro a mão e aperto".

 

Folha - O sr. defende que o PT dialogue com o PSDB.
Lindberg Farias -
Confirmada a vitória da Dilma, é necessário grande esforço para distensionar a luta política.
A gente viveu oito anos de governo FHC com o PT numa oposição radical. Nos oito anos do Lula, com o PSDB aconteceu a mesma coisa.
Há condições para uma situação diferente, pelas características das lideranças da oposição. Alguém imagina Aécio Neves no Senado fazendo discurso à la Arthur Virgílio? Ele vai ter posição de oposição construtiva.
Estão dadas as condições para discutirmos o distensionamento da política e uma agenda do Brasil em comum com o PSDB. Isso facilitaria para a Dilma na composição do governo. Quem está na frente tem que ter grandeza de estender a mão.

O gesto tem de ser do PT?
Tem. É um equívoco gigantesco esse ato [de ver] golpismo da mídia. O clima tem de ser de distensionamento. Estamos ganhando a eleição.

O PSDB coloca na internet comerciais com ataques ao PT.
Temos que aguentar. O PT está maduro, sabemos que é do jogo político. Há setores da mídia que pegam pesado, são muito parciais, mas faz parte. O gesto de quem está ganhando deve ser de grandiosidade e cabeça fria.

Nos Estados Unidos, Obama chamou um republicano para o ministério. Chegaria a isso?
Chegaria, mas acho difícil. Mas colocar pessoas neutras com interlocução em vários partidos pode acontecer.

Se o Collor perder a eleição em Alagoas, será seu companheiro de base aliada...
Já pensei muito nisso. [risos] Não sei se estiro a mão e aperto. Cheguei a pensar: "Seria bom se ele ganhasse o governo de Alagoas".

Esse tipo de aliança não é transigir com a ética?
Fui prefeito eleito em aliança com o DEM. No governo você tem que montar maioria. Sem esse cuidado, podem parar seu governo. É possível fazer sem ultrapassar limites éticos. Quando falo da pacificação com PSDB, esse é o motivo: não ficar refém de grupos mais fisiológicos que atuam no Congresso.


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