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Marina diz que não quer liderar "manada"
Senadora afirmam que seus eleitores têm suas próprias opiniões, mas querem ver avanços na política nacional
Líder do PV quer voltar a estudar e afirma que vai trabalhar por uma "terceira via" na eleição presidencial de 2014
MATHEUS LEITÃO
DE BRASÍLIA
"Não acredito em voto de
manada." Foi assim que a ex-candidata à Presidência Marina Silva explicou, à Folha,
a posição que ela chamou de
independente no segundo
turno das eleições, apontada
por alguns como neutra.
"Não acredito em o político falar: estou indo por aqui,
sigam-me. Esses eleitores,
por mais que tenham razões
específicas, fragmentadas,
para terem apoiado a candidatura do Partido Verde à
Presidência, têm uma coisa
que os une: o voto de opinião, que quer ver avanços
na política", completou.
A senadora está animada
com o futuro. A curto prazo,
Marina tem um plano definido: usará os dois meses de
mandato como senadora para lutar contra a mudança
proposta pelo deputado Aldo
Rebelo (PC do B-SP) no Código Florestal, que, para ela,
anistia desmatadores e legaliza propriedades griladas.
A partir de janeiro de 2011,
a terceira colocada nas eleições presidenciais decidiu
manter a militância partidária e na sociedade. Depois de
um período de descanso, que
ela define como "breve",
quer voltar a estudar.
"Vou escrever a conclusão
do curso de psicopedagogia
na Argentina com Alice Fernandes." Marina julgou "maravilhosa" a experiência de
concorrer ao Planalto, que
lhe rendeu novas ideias sobre o país e será matéria-prima para futuros projetos.
Sobre as próximas eleições, ela fala rapidamente:
"Não fico de caso pensado
estudando ser candidata em
2014. Estou disposta a trabalhar para uma terceira via
consolidada, formatada programaticamente, estruturalmente e socialmente para
que o Brasil saia da polarização que tanto tem, no meu
entendimento, encurtado o
alcance da política".
Nos últimos dias, lideranças do PV se dividiram no
apoio aos dois candidatos.
Marina não vê problema nisso. Diz que é velha a visão de
que existiam na mão dela "20
milhões de votos para transferirmos para esse ou para
aquele". Ela diz que a sua
candidatura recebeu o voto
democrático do cidadão que
acreditou na sua plataforma,
discurso, postura e trajetória.
ATRASO
Marina avalia que a política no Brasil enfrenta um
"atraso abissal" que pode levar o país ao retrocesso econômico e social pela atitude
dos dois partidos que disputam o segundo turno.
Na conversa com a Folha,
Marina criticou a atitude dos
candidatos do PT e PSDB ao
Planalto, Dilma Rousseff e
José Serra. Para ela, os dois
poderiam agir "sem a perspectiva puramente da desconstrução um do outro, mas
da construção do Brasil".
Os candidatos estariam,
na visão dela, perdendo uma
hora preciosa do país. "O
tempo está passando e os
dois candidatos estão com a
mesma atitude de não aprofundar as propostas, de não
colocar uma visão estratégica do país. Essa é a hora de
discutir o Brasil, e de eles dizerem o que pensam sobre
economia, política externa,
questão social e sustentabilidade, e não com o olho no espelho retrovisor", afirmou.
Apontou um ponto que vê
como uma anormalidade dos
hábitos políticos brasileiros:
"Não dá para querer ser presidente sem apresentar um
programa de governo".
Marina criticou os institutos de pesquisas e pediu ajustes metodológicos: "As pesquisas erraram muito no primeiro turno. Se dependesse
delas, teria ficado de braços
cruzados, pois não passaria
dos 8%. A urna revelou algo
maior do que os institutos alcançaram. Temos de ter um
olhar para as pesquisas como
uma contribuição para as
próximas eleições".
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