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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Burocracia impede pessoa física de doar
Teste para contribuir com as principais campanhas esbarra em labirinto de desinformação e falta de estrutura
Sites omitem explicação sobre como destinar
recursos pela internet;
nos comitês, assessores
não orientam eleitores
UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO
Imaginei que fazer uma reportagem sobre doações para as campanhas fosse tarefa
fácil. Doar para as principais
candidaturas e contar como
foi o processo? Moleza, pensei. Mas pensei errado.
Logo de cara percebi que
as campanhas não estão preparadas para receber pequenas doações de pessoas físicas. O efeito Barack Obama
não chegou ao Brasil.
O caso mais emblemático é
o do PT, mas todas parecem
mais preocupadas com as
grandes cifras. Não por acaso
a pergunta que mais ouvi nos
partidos foi: "O senhor é de
alguma empresa?".
Para começar, embora essa modalidade seja permitida por lei, os sites não trazem
um mecanismo de doação
pela internet.
Tampouco oferecem um
canal efetivo para comunicação. Telefone não há, e os
links tipo "contato" pedem
que seja enviado um e-mail.
Enviei no começo da semana
para todas as campanhas e,
até agora, nada.
O passo seguinte foi procurar o diretório estadual de
cada partido.
CAMINHO
Comecei com o PT. A pessoa que me atendeu ao telefone não foi muito estimulante: "Olha, senhor, é... Por
lei, por lei é capaz que não
possa doar, hein? É sério".
Argumentei que podia,
sim, e tive êxito. Consegui o
telefone do "PT nacional em
São Paulo", onde deveria falar "com o jurídico".
O contato foi mais frutífero: fui informado (pelo setor
de finanças) de que ainda estavam "montando tudo" na
internet e obtive o telefone
do escritório em Brasília.
Fiz a ligação e consegui o
último contato: a campanha
da Dilma. Após explicar (de
novo) que a doação era particular e de ser transferido de
uma pessoa para outra, finalmente dizem: "Deixa seu telefone que a gente entra em
contato". Não entraram.
A campanha de Marina foi
mais ágil, mas levou ao mesmo fim: à promessa de que
eles entrarão em contato para explicar como, afinal, se
pode doar para a candidata.
Quando liguei para o diretório estadual do PV, a pessoa que atendeu gritou (com
o telefone afastado da boca):
"É o Uirá querendo doar para
a Marina". Logo outra pessoa
atende, pergunta meu nome
e pede meus contatos para
mandar as informações.
Expliquei que precisava de
pressa, pois viajaria na semana seguinte. De fato, entraram em contato para perguntar nome, endereço, CPF,
mas o e-mail com as instruções, esse eu não recebi.
No fim das contas, a única
doação que consegui fazer
(de R$ 20) foi para a campanha de José Serra (PSDB).
Telefonei para o diretório
estadual, depois para o comitê da campanha em São Paulo e, quatro horas depois, recebi o e-mail (enviado de endereço pessoal, não institucional) com as instruções.
Eram restritivas, é verdade
(só aceitam "contribuições
em cheque nominal à campanha ou transferência eletrônica identificada"), mas,
pelo menos, deu certo.
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