São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Propina no Dnit financiou até amante, diz inquérito

Ministério Público e PF investigam ao menos 12 das 23 superintendências locais

Faxina da Presidência não atingiu Estados; órgão afirma tomar as medidas necessárias quanto às suspeitas

DE BRASÍLIA

A faxina da presidente Dilma Rousseff no cérebro do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Brasília deixou intocados, até aqui, os braços do órgão nos Estados, alvos de mais de uma dezena de investigações.
Pelo menos 12 das 23 superintendências regionais são objeto de inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal, que levantam suspeitas que vão de benesses à amante de um dirigente do Dnit no Ceará a pagamentos de "mensalão".
O órgão diz tomar as medidas necessárias quanto às suspeitas (leia texto abaixo).
Apesar de o PR controlar o ministério desde 2003, os problemas nos Estados também envolvem indicados por outros partidos.
No Piauí, o superintendente Sebastião Ribeiro foi indicado por seu cunhado, o deputado federal Marcelo Castro. Ambos são do PMDB.
Empreiteira de irmãos do deputado recebeu em 2010 R$ 36 milhões do Dnit -metade do que foi liberado para o Estado no período. Em 2011, já são R$ 6 milhões.
Em Mato Grosso, como revelou a Folha, um irmão do superintendente Nilton de Brito, indicado pelo diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, mantém contratos de R$ 26 milhões com o órgão. Brito pode deixar o cargo nesta semana.
Outro caso envolvendo o PMDB ocorreu no Espírito Santo. A Procuradoria detectou que o Dnit decidiu desapropriar um terreno do deputado peemedebista Camilo Cola no valor de R$ 101,7 mil para construir um viaduto em Cachoeiro do Itapemirim.
Verbas seriam disponibilizadas por emenda do deputado, de R$ 9,5 milhões, diz a Procuradoria. A Justiça mandou suspender o projeto.

AMANTE
No Ceará, 27 funcionários públicos, parentes e empreiteiras foram denunciados por procuradores da República em maio deste ano por improbidade administrativa, sob a suspeita de praticar fraudes no Dnit local, comandado pelo PR.
Segundo o Ministério Público Federal, as empresas tinham escritório no Dnit. A denúncia diz que elas pagavam "mensalão" a dirigentes do órgão, até 2010 comandado por Joaquim Guedes Neto.
No órgão ainda funcionava uma empresa do filho de um dos dirigentes do Dnit, que faturava R$ 200 mil por mês. Segundo o inquérito, baseado em escutas telefônicas, a empreiteira Delta pagou até o conserto de carro para uma pessoa classificada como amante de um supervisor do Dnit em Fortaleza.
O mesmo esquema de propina fixa -5% sobre os pagamentos- ocorreu no Rio Grande do Norte, por suposta exigência dos dirigentes do Dnit, ligados ao PR. Eles foram presos em 2010.
No Rio Grande do Sul, a Procuradoria investiga o pagamento, por empreiteiras, de despesas de manutenção de unidades locais do Dnit.
Em 2008, o então superintendente saiu do cargo sob a suspeita de usar carro de construtora. O Estado é zona de influência do petista Hideraldo Caron, exonerado na sexta do cargo de diretor de Infraestrutura Rodoviária.
No Acre, também sob comando do PT, três assessores do ex-governador e hoje senador petista Jorge Viana (PT) e quatro empreiteiros foram denunciados pela Procuradoria em 2009. A acusação é de desvio de R$ 22,8 milhões do Dnit na BR-364.
Ainda na área petista do Dnit, o Ministério Público apura em Santa Catarina o suposto superfaturamento de obra no entorno de Joinville. (ANDREZA MATAIS, BRENO COSTA, DIMMI AMORA, JOÃO CARLOS MAGALHÃES, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E RUBENS VALENTE)


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