São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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FOCO

Investigação indica que governo pagou encontro com a amante

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM

O inquérito da Polícia Federal sobre o suposto megaesquema de corrupção no Amapá indica que o governador Pedro Paulo Dias (PP) e Lívia Gato usaram dinheiro público para se encontrarem em Belém (PA).
Os indícios surgiram por interceptações telefônicas, autorizada pela Justiça.
O encontro com Lívia -chamada pela PF de amante de Dias- "nada" tem a ver com o "interesse público", diz investigação da PF.
Ambos foram presos no último dia 10 pela PF, junto com outras 16 pessoas, sob suspeita de integrar uma rede criminosa que pode ter desviado mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos.
Pelo telefone, ele, de São Paulo, e ela, de Macapá (AP), conversam em 7 de outubro de 2009 -quando Dias era secretário da Saúde- e querem se encontrar no Pará.
Primeiro, ela liga dizendo que "tem uma vaga" para ele voltar. Sobre a ida da amante, Dias pergunta: "Tá tudo certo o teu também, amor?".
Ela, que ainda é assessora da Secretaria da Saúde, diz que não, e ele diz: "Tá, mas faz um esforço pra ti ir hoje pra Belém, amor?".
Lívia liga para o agente de viagens da secretaria, a quem a PF chama de Dênis, e pede para fazer reserva para Dias. Ele diz que não tem vaga, mas ela insiste. Dênis continua dizendo que não há vagas no voo, mas promete dar uma resposta.
Quando Dias liga para a amante, é informado que ela não conseguiu passagem. Lívia pede então que ele mesmo telefone para Dênis.
Horas depois, o agente Dênis fala com ela, confirmando a ida para Belém.
Para demonstrar a suposta intimidade de Lívia com o governador, a PF cita um diálogo entre um irmão dela, Rafael, e outro assessor da secretaria da Saúde, supostamente envolvido em fraudes.
Em uma conversa sobre uma dívida de combustível, o assessor o chama de "Rafael Dias", e este emenda: ""É, [Rafael] Dias de Carvalho, agora eu falo por aí pela rua", afirma, em referência ao sobrenome do governador.

OUTRO LADO
Dias diz que é inocente e nega qualquer irregularidade. Num discurso, logo depois que saiu da prisão, afirmou ter sido injustiçado e estar sofrendo por ter sua vida privada devassada.
Ontem, a Folha procurou sua assessoria, mas não houve resposta até as 20h.
A reportagem perguntou sobre Lívia, que é funcionária do governo, mas a assessoria não soube informar um contato dela. A Folha não encontrou seu advogado.


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