São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2010

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Procuradoria do DF investiga atuação de família de Erenice

Órgão vai vasculhar contratos de estatais para apurar suposto tráfico de influência

FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O Ministério Público do Distrito Federal iniciou investigação para apurar a suspeita de "tráfico de influência" na atuação da família da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, no governo do Distrito Federal.
A Procuradoria pediu ao Tribunal de Contas do DF que levante todos os contratos do governo do DF que passaram pelas mãos de José Euricélio, irmão da ministra, e Israel Guerra, filho dela, apontado como um lobista dentro do governo federal.
Na semana passada, Euricélio foi demitido da Novacap, estatal responsável pelos terrenos do governo distrital. Ele responde a processo interno pela suspeita de ser funcionário fantasma.
Israel Guerra, por sua vez, trabalhava na Terracap, órgão responsável pela urbanização do Distrito Federal.
A investigação vai vasculhar a papelada que passou pela família de Erenice para encontrar rastros de possível tráfico de influência.
"O empregado [José Euricélio] estaria trabalhando em setor nevrálgico da Novacap, diretamente relacionado à presidência da empresa, e responsável por auditorias. Teria ligação direta com todas as operações da Terracap, onde trabalha ou trabalhava seu sobrinho [Israel]. Infere-se, portanto, que poderia estar ocorrendo tráfico de influência junto aos órgãos distritais", afirma a procuradora Márcia Farias.
Em comum, os contratos das duas estatais referem-se ao setor Noroeste, novo bairro de Brasília. Os terrenos do Noroeste também são citados no inquérito da operação Caixa de Pandora, que investigou pagamento de propina para que deputados aprovassem a criação do setor.
"É imperioso que o Tribunal de Contas investigue os atos e contratos que possam ter sofrido influência do empregado, sobretudo aqueles ligados à implantação do Setor Noroeste", diz Farias.
A Folha não localizou Euricélio, e o advogado de Israel não ligou de volta.
Para a procuradora, Israel Guerra pode ter cometido "falta funcional".
"Dessas notícias, além da falta funcional e da reiterada contratação sem concurso público por parte de órgãos e empresas do GDF, é de maior materialidade e relevância a apuração da existência de tráfico de influência envolvendo o senhor Israel Guerra", diz a representação.
A procuradoria vai, de início, investigar os contratos e projetos que passaram pelo setor em que trabalhava o filho de Erenice, além das atribuições dele nos contratos.
Outro ponto a ser investigado é a atuação do irmão de Erenice na editora da UnB, que recebeu dinheiro de fundações do DF. Como a Folha mostrou, ele é apontado por auditoria do governo como responsável por projetos que causaram desvios na editora.


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