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Procuradoria do DF investiga atuação de família de Erenice
Órgão vai vasculhar contratos de estatais para apurar suposto tráfico de influência
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
O Ministério Público do
Distrito Federal iniciou investigação para apurar a suspeita de "tráfico de influência" na atuação da família da
ex-ministra da Casa Civil,
Erenice Guerra, no governo
do Distrito Federal.
A Procuradoria pediu ao
Tribunal de Contas do DF
que levante todos os contratos do governo do DF que
passaram pelas mãos de José
Euricélio, irmão da ministra,
e Israel Guerra, filho dela,
apontado como um lobista
dentro do governo federal.
Na semana passada, Euricélio foi demitido da Novacap, estatal responsável pelos terrenos do governo distrital. Ele responde a processo interno pela suspeita de
ser funcionário fantasma.
Israel Guerra, por sua vez,
trabalhava na Terracap, órgão responsável pela urbanização do Distrito Federal.
A investigação vai vasculhar a papelada que passou
pela família de Erenice para
encontrar rastros de possível
tráfico de influência.
"O empregado [José Euricélio] estaria trabalhando em
setor nevrálgico da Novacap,
diretamente relacionado à
presidência da empresa, e
responsável por auditorias.
Teria ligação direta com todas as operações da Terracap, onde trabalha ou trabalhava seu sobrinho [Israel].
Infere-se, portanto, que poderia estar ocorrendo tráfico
de influência junto aos órgãos distritais", afirma a procuradora Márcia Farias.
Em comum, os contratos
das duas estatais referem-se
ao setor Noroeste, novo bairro de Brasília. Os terrenos do
Noroeste também são citados no inquérito da operação
Caixa de Pandora, que investigou pagamento de propina
para que deputados aprovassem a criação do setor.
"É imperioso que o Tribunal de Contas investigue os
atos e contratos que possam
ter sofrido influência do empregado, sobretudo aqueles
ligados à implantação do Setor Noroeste", diz Farias.
A Folha não localizou Euricélio, e o advogado de Israel não ligou de volta.
Para a procuradora, Israel
Guerra pode ter cometido
"falta funcional".
"Dessas notícias, além da
falta funcional e da reiterada
contratação sem concurso
público por parte de órgãos e
empresas do GDF, é de maior
materialidade e relevância a
apuração da existência de
tráfico de influência envolvendo o senhor Israel Guerra", diz a representação.
A procuradoria vai, de início, investigar os contratos e
projetos que passaram pelo
setor em que trabalhava o filho de Erenice, além das atribuições dele nos contratos.
Outro ponto a ser investigado é a atuação do irmão de
Erenice na editora da UnB,
que recebeu dinheiro de fundações do DF. Como a Folha
mostrou, ele é apontado por
auditoria do governo como
responsável por projetos que
causaram desvios na editora.
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