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Sistema criado por Serra amplia gastos
Itens usados em escolas da rede estadual passaram a ser adquiridos com preços acima do valor de mercado
Com novo sistema, compras agora são feitas pela internet; antes, orçamentos eram tomados no comércio
BRENO COSTA
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
Uma mudança feita no sistema de compras de materiais para escolas estaduais
de São Paulo com o objetivo
de gerar economia aos cofres
públicos acabou aumentando os gastos do governo.
A modificação ocorreu no
ano passado, durante a gestão do candidato a presidente José Serra (PSDB) no governo de São Paulo.
Alguns itens passaram a
ser adquiridos pelo Estado a
preços acima do valor de
mercado e até por aqueles
praticados por outros órgãos
do governo paulista.
Pelo sistema vigente até
maio de 2009, a FDE (Fundação de Desenvolvimento da
Educação) repassava mensalmente a cada uma das escolas o valor correspondente
a R$ 1,60 por aluno.
As diretoras dessas unidades compravam no comércio
suprimentos cotidianos, como papel higiênico e canetas, após a elaboração de três
orçamentos. O dinheiro que
sobrava era devolvido à FDE.
Com a mudança, o sistema, agora, é on-line. Duas
empresas do ramo de papelarias prestam o serviço para
2.223 escolas de 34 municípios da Grande São Paulo: a
Kalunga e a Gimba.
Os pedidos são feitos por
um site específico, e a FDE
emite "ordens de fornecimento" às empresas, que entregam os produtos em dois
dias. O governo efetua o pagamento em até 30 dias.
De janeiro a setembro, as
duas empresas já haviam recebido do governo "ordens
de fornecimento" no valor de
R$ 36,4 milhões -média de
R$ 1,64 por aluno/mês. À Folha a FDE afirmou que o novo sistema havia reduzido o
índice para R$ 1,08.
Pelo sistema antigo, o Estado teria desembolsado R$
35,5 milhões, no mesmo período. Esse valor é superestimado, porque não considera
as devoluções que as escolas
faziam em caso de sobra.
Pelo novo sistema, chamado "rede de suprimentos", diretores de escolas visualizam na internet uma lista na qual são apresentados
os produtos disponíveis,
quantidade e preços.
A Folha teve acesso à lista
de produtos oferecida às escolas pela Kalunga. A análise
dos dados mostrou que, mesmo sendo comercializados
em larga escala com a FDE,
parte dos itens pode ser adquirida por preços mais baixos no site da Kalunga.
Foram comparados artigos com a mesma marca e especificações técnicas aos listados na rede de suprimentos. Enquanto uma embalagem com cinco unidades de
arquivo morto é vendida à
FDE por R$ 25,60, no site da
Kalunga vale R$ 13,35.
A reportagem também
comparou os preços ofertados às escolas com os listados na Bolsa Eletrônica de
Compras, na órgãos de toda a
administração pública compram suprimentos.
Um pacote com oito unidades de papel higiênico para
dispenser custa às escolas
paulistas R$ 39. Na BEC, o
mesmo produto foi negociado por R$ 14,65.
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