São Paulo, quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Dilma e Lula choram em homenagem a Alencar

Ex-vice agradece orações e diz que continuará a lutar contra a morte

"Se eu morrer agora, está bom demais, não posso me queixar", diz José Alencar ao receber homenagem em SP

Jorge Araújo/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o ex-vice-presidente José Alencar durante homenagem no aniversário de SP

BERNARDO MELLO FRANCO
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Na primeira aparição juntos depois da passagem da faixa, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula choraram lado a lado em homenagem ao ex-vice-presidente José Alencar.
Abatido e de cadeira de rodas, ele fez um discurso emocionado sobre a luta contra o câncer na região abdominal ao receber a medalha 25 de Janeiro, que comemora o aniversário de São Paulo.
"A situação está tão boa que não tem como melhorar. Todo mundo rezando, torcendo por mim. Se eu morrer agora, está bom demais, não posso me queixar. Mas estou lutando para não morrer."
O ex-vice lembrou que está internado há três meses e já passou por um infarto, em dezembro. Ele disse entregar o futuro a Deus. "O que Ele quiser será, e nós aceitaremos de bom grado."
Alencar saiu do hospital acompanhado por dois médicos. Contou ter se emocionado ao saber que Dilma e Lula iriam à cerimônia, na sede da prefeitura. "Chorei de emoção", disse.
Depois da solenidade, ele passaria a primeira noite do ano em casa. Nos próximos dias, voltará a ser internado para continuar o tratamento.
Dilma enxugou lágrimas ao ouvir as palavras do ex-vice. Em discurso, disse que ele "sobrevive com honradez, vive com energia mas, sobretudo, dá um exemplo de dignidade" na luta que trava contra a doença desde 1997.
A presidente enalteceu a trajetória de vida de Alencar, que, a exemplo de Lula, nasceu em família pobre.
"A gente deve reconhecer a importância deste homem, que saiu de baixo, construiu um império econômico no Brasil, mas não perdeu jamais o seu compromisso com a soberania do país e com o resgate de milhões de brasileiros da pobreza", disse.

CRÍTICA
Ela fez uma crítica velada à oposição ao dizer que Lula e Alencar tiveram poucos anos de educação formal, mas trabalharam mais pela educação do que os seus antecessores no Palácio do Planalto.
"Os dois não tinham diploma universitário e mostraram um compromisso com a educação, como diz o nosso querido presidente Lula, nunca antes visto na história deste país", afirmou.
Depois do recado, Dilma adotou tom mais conciliador e prometeu fazer parcerias com a prefeitura e com o governo de São Paulo.
Lula se sentou no palco ao lado do ex-vice, mas não usou o microfone e saiu sem dar entrevista. Ele é esperado domingo para dar o pontapé inicial do jogo Corinthians x São Bernardo, no ABC.
A homenagem a Alencar foi promovida pelo prefeito Gilberto Kassab, que está prestes a trocar o DEM pelo governista PMDB. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), cujo partido faz oposição a Dilma, fez um breve discurso com elogios ao ex-vice.
Kassab também entregaria a medalha ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que está na Suíça.
Poucos tucanos foram à solenidade. Convidado, o ex-governador José Serra não compareceu. Horas depois, participou, com Alckmin e Kassab, da reinauguração da biblioteca Mario de Andrade, no centro de São Paulo.


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