São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE PARTIDOS

Legenda "dormitório" tem vocação para atrair insatisfeitos

Caráter transitório do partido imaginado por Kassab, porém, embaraça Eduardo Campos, presidente do PSB


PREOCUPAÇÃO [DE CAMPOS] É QUE DISSIDENTES INGRESSEM NA NOVA SIGLA E, DEPOIS, OPTEM POR PT E PMDB


VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

PDB, a sigla imaginada por Gilberto Kassab para abrigá-lo na transição entre o DEM e o PSB, teoricamente quer dizer Partido da Democracia Brasileira.
Mas bem poderia significar Partido Dormitório Brasileiro, dada a sua vocação para acolher insatisfeitos de diversos matizes, cada um com seu projeto próprio.
Kassab percebeu isso e tem procurado atrair filiados para além de seus seguidores fiéis. Isso significa que o destino final dos futuros "pedebistas" não será necessariamente o PSB, junto com o prefeito, mas uma dispersão pelas legendas já postas no quadro partidário.
O caráter transitório da nova legenda também faz com que sua análise pelo Tribunal Superior Eleitoral seja cercada de incerteza.
Existe uma tese jurídica, que vem sendo defendida por advogados ligados ao DEM, segundo a qual uma lei não pode ser usada com o propósito de burlar outra.
No caso, a lei dos partidos, que prevê regras para a criação de novas siglas, não pode ser anteparo para que políticos insatisfeitos driblem a súmula do STF (Supremo Tribunal Federal) que disciplinou a fidelidade partidária.
O partido de Kassab estaria substituindo, na prática, a tão falada "janela" que os políticos não estão conseguindo abrir para permitir a troca generalizada de partidos.
Essa insegurança jurídica ainda inibe muitos que gostariam de pegar o caminho da roça junto com o prefeito, e embaraça o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Ele atravessou o samba da negociação de Kassab com o PMDB por ver no prefeito paulistano uma chave para abrir as portas do eleitorado paulista, junto ao qual o partido não tem apelo.
Com o mandatário da principal capital do país esperava quebrar, ainda, a polarização PT-PSDB a partir de São Paulo, algo que, na sua opinião, engessa a política brasileira.
Não é ideia de Campos, no entanto, inchar a sigla com toda sorte de político ávido por aderir à base aliada.
Outra preocupação é que muitos dissidentes ingressem na nova sigla e, depois, optem pelos já hegemônicos PT e PMDB, o que frustraria a ideia do PSB de se robustecer dentro da aliança dilmista.
Daí porque, na última conversa do comando do partido com Kassab, a fusão imediata do futuro PDB com o PSB tenha subido sutilmente no telhado, dando lugar a arranjos mais sutis, como frente ou bloco partidários.
Só depois da fase da diáspora dos "pedebistas" é que o grupo de Kassab e outros "socialistas novos" entrariam no PSB -que quer, assim, ser um polo alternativo ao PMDB, se possível, em condição de igualdade.


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