São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Servidores unem expediente e campanha

Ministros, secretários e auxiliares atuam em equipes de Serra e Dilma em horário de trabalho e sem pedir licença

Assessores dizem que sabem separar as duas funções e que a dupla jornada não atrapalha desempenho público


CATIA SEABRA
ANA FLOR
DE SÃO PAULO

Quarta-feira, dia 16, 11h10min. O presidente da EBE (Empresa Brasileira de Energia), Maurício Tolmasquim, e o então secretário de Meio Ambiente do Estado, Xico Graziano, debatem eficiência energética num centro de eventos em São Paulo.
Tolmasquim representa a petista Dilma Rousseff. Graziano, o tucano José Serra. Defendem seus candidatos no painel "Energia e sustentabilidade. A visão dos candidatos/partidos sobre o papel da eficiência energética".
De lá, Graziano corre para o comitê de Serra, onde engole um sanduíche no almoço. Tolmasquim volta para o Rio de Janeiro, sede da EBE, empresa vinculada ao Ministério das Minas e Energia.
Eles são exemplos de colaboradores que se desdobram entre governo e campanha. Estão a serviço do candidato, mas ocupam cargos públicos e recebem salários pagos pelo contribuinte.
Segundo a assessoria da EBE, a viagem de Tolmasquim não representou custo para os cofres públicos e está "desvinculada do exercício do cargo". Segundo a assessoria, seu foco está na organização de três leilões previstos para o mês que vem.
Graziano diz que se dedica em tempo integral ao serviço público. "Acordo às 6h e trabalho até ficar amarelo. Em geral, ficou amarelo lá para as 21h", diz.
A exemplo deles, ministros, secretários e integrantes dos dois governos fazem jornada dupla por seus candidatos. Foi Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, o responsável pela montagem da agenda de Dilma na viagem de semana passada ao exterior.

AGENDA
Segundo a campanha de Dilma, a agenda foi viabilizada pelos contatos dela com as lideranças europeias enquanto ex-ministra da Casa Civil, e não pela influência do assessor do presidente.
Já o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) é um dos principais articuladores da candidata. Mas trabalha em horário comercial como articulador do governo. Há poucos dias, frisou em encontro do Diretório Nacional do PT que estava participando na hora do almoço, e havia ido de táxi.
"Não é a primeira vez que enfrentamos uma eleição, estamos acostumados a separar uma tarefa da outra", diz Padilha, que garante fazer a jornada da campanha à noite, em horário de almoço e nos finais de semana.

LULA NA CAMPANHA
Outro ministro, Franklin Martins (Comunicação), tem atuação mais discreta, mas participa da formulação de discursos importantes, como o da convenção que confirmou Dilma candidata.
Na sexta-feira, dia 11, véspera da convenção do PSDB, o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, representou Serra no encontro nacional da indústria da construção, em Maceió.
A entrada de Lula na campanha acontecerá após a Copa do Mundo. Segundo o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, isso vai ocorrer respeitando regras estabelecidas na Lei Eleitoral, como a que diz que deslocamentos em viagens precisam ser reembolsados.
Para evitar problemas de interpretação da lei, a AGU (Advocacia-Geral da União) formulou uma cartilha.


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