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Plano de Alckmin diverge do governo Serra
Candidato a governador resgatará marcas de seu mandato abandonadas pelo sucessor
FÁBIO ZAMBELI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA
O candidato tucano ao governo de São Paulo, Geraldo
Alckmin, expõe divergências
com a gestão do presidenciável José Serra (PSDB) na elaboração de seu plano de governo que resgatará marcas
de seu mandato (2001-06)
desidratadas pelo sucessor.
É um movimento inverso
ao que Serra promoveu ao assumir o governo pós-Alckmin, quando mudou a estrutura da segurança, extinguiu
projetos na educação e reavaliou prioridades nos investimentos em infraestrutura.
A equipe do programa de
governo de Alckmin estuda
mudanças, principalmente,
nas áreas de educação, segurança e infraestrutura.
No até agora maior sinal
de descompasso entre os
dois tucanos, Alckmin escalou o deputado estadual Paulo Barbosa (PSDB), ex-secretário-adjunto da Educação,
para consultar a "comunidade escolar" e subsidiar seu
programa de metas.
A escolha de Paulo Barbosa para o estafe alckmista
causou mal-estar no grupo
de Serra, que o vincula ao ex-secretário Gabriel Chalita,
hoje no PSB, considerado
"traidor" por ter migrado para a campanha de Dilma
Rousseff (PT) ao Planalto.
A Folha apurou que a
equipe de Alckmin discorda
do modelo de promoção por
mérito introduzido por Serra
para os 220 mil professores
da rede estadual.
O principal ponto de dissonância é o fato de o atual sistema ser fundamentado em
uma avaliação anual. Pelo
método, só os docentes com
melhor desempenho na prova ganham aumento salarial
de até 25%. O reajuste é restrito a 20% da categoria.
Alckmistas defendem a revisão no formato, ampliando
os critérios de bonificação.
Embora nenhum auxiliar admita as diferenças, as diretrizes do plano do tucano são
enfáticas. "O professor precisa ser tratado com respeito.
Na qualificação, capacitação
e questão salarial. Não dá para tratar as coisas isoladamente", diz Paulo Barbosa.
Outro ponto que opõe
Alckmin e Serra é a integração escola-comunidade. O
candidato ao governo quer
expandir o Escola da Família, encolhido por Serra, que
reduziu de 5.200 para 2.300
as escolas contempladas.
A movimentação de Alckmin para rediscutir a meritocracia ficou evidenciada em
reunião dele com os dirigentes da Secretaria da Educação no mês passado.
"É absurdo aumentar o salário com base em uma provinha. O Alckmin não tem essa
cabeça de colocar a culpa no
professor", diz Chalita.
Outro nome que volta com
força ao grupo de Alckmin é o
promotor Saulo de Castro
Abreu Filho, ex-secretário da
Segurança defenestrado por
Serra. Como Alckmin obteve
índices melhores na segurança, ele volta prestigiado.
Alckmin também recolocou como prioridades dois
projetos que Serra herdou
dele e não levou à frente, a
duplicação da rodovia dos
Tamoios (SP-99) e a ampliação do porto de São Sebastião, para viabilizar o corredor de exportação entre Campinas e o Vale do Paraíba.
Também há no governo
discordâncias sobre os novos
modelos para concessão de
rodovias -o Estado pretende
conceder os trechos sul e leste do Rodoanel agora, mas
um grupo ligado a Alckmin
quer mudanças no edital.
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