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Mensalão de Zeca continuou com Puccinelli, diz infiltrado
Pivô de escândalo em MS afirma que esquema já funcionava no governo anterior
Antonio Coca - 23.abr.09/DouradosNews
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O ex-secretário Eleandro Passaia, que agiu como informante da PF no governo de MS
Segundo Passaia, há
outras gravações que
detalham mesadas; os
dois políticos citados
tentam novo mandato
GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE
O jornalista Eleandro Passaia, 34, afirmou à Folha que
o governador de Mato Grosso
do Sul, André Puccinelli
(PMDB), continuou o esquema de "mensalão" já existente na gestão do antecessor,
Zeca do PT (1999-2002).
Secretário de Governo de
Dourados entre maio e a última quinta, Passaia gravou
conversas, como informante
da Polícia Federal e com autorização da Justiça, que resultaram em duas investigações. A primeira atinge autoridades do Estado e a outra
envolve toda a cúpula municipal de Dourados.
Por isso, o prefeito Ari Artuzi (expulso do PDT), o vice,
secretários e vereadores da
cidade acabaram presos.
Folha - No vídeo, Rigo diz que
dava dinheiro a autoridades.
Era mensalão ou repasse institucional?
Eleandro Passaia - Ele já
havia falado comigo outras
vezes sobre esse mensalão.
Por mais que ele fale que
não, é mensalão. No vídeo,
ele dá detalhes da época do
Puccinelli, mas também da
época do Zeca. A gente não
pode esquecer que o Rigo era
líder na Assembleia do Zeca.
Mas lá Rigo se refere só ao
mensalão pago pelo André.
Tem mais vídeos e ele fala
dos esquemas também com o
Zeca. O que vazou foi um de
meia hora, mas tenho conversa de uma hora e meia.
Esse suposto mensalão era
distribuído como?
Não sei. Sei que era sempre em espécie. Não queria
causar desconfiança. Se perguntasse mais, ia desconfiar.
O sr. já esteve com Puccinelli?
Várias vezes.
O sr. já participou de alguma
reunião entre ele e o Artuzi?
Várias.
Alguma delas teve menção a
pagamentos ilegais?
Tem vários vídeos que entreguei à PF.
O governador aparece?
Não lembro.
O Rigo foi o único deputado
que o sr. filmou?
Conversei com o Marçal Filho pedindo retorno, com o
Geraldo Resende pedindo retorno [deputados do PMDB].
Como assim "retorno"?
[Do] Retorno dos recursos
que eles traziam para cá, 10%
eles queriam em dinheiro. No
mundo da corrupção, qualquer assessor sabe que retorno é o retorno do dinheiro
viabilizado por um parlamentar.
Eles receberam 10% sobre o
valor das obras?
As empreiteiras fazem pagamento para eles. Não posso provar [se receberam].
O vídeo vai ter impacto na
eleição?
A sociedade vai ter muita
dificuldade para escolher.
Contra o Zeca tem uma gravação da família Uemura [cujos integrantes foram presos
pela PF por fraude em licitações em 2009], que estava
bancando a campanha dele
em troca de duas secretarias.
O interlocutor do Zeca é o deputado Vander Loubet (PT).
De quando é esse vídeo?
Foi no mês passado.
Como foi isso?
Em maio deste ano fui convidado para ser secretário de
Governo e aí o prefeito me
perguntou: "Você quer pagar
os vereadores e fazer as conversas com as empresas? Se
você topar, te dou um dinheirinho aí". Me abriu tudo. Perguntei como é que era. Ele
me disse que eu tinha de pagar os vereadores, que tirava
10% daqui, dali.
E o sr. aceitou?
Não. Procurei o delegado
[Bráulio] Galloni e disse que
nunca concordei com corrupção, que pediria as contas
ou podia ajudar a desvendar
o esquema. Ele pediu proteção judicial e começamos.
O sr. recebeu dinheiro?
O prefeito me deu R$ 15
mil, que eu entreguei à PF.
Em todas as gravações sempre deixava claro que nunca
tinha recebido nada. Não recebi dinheiro [de corrupção]
nem sou um bandido arrependido que queria vingança. Só comecei [no esquema]
depois de procurar a PF.
As pessoas denunciadas chamam o sr. de traidor.
[Foram] Eles [que] traíram
a mim e a eleitores.
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