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No Pará, cidade "devolve" migrante a local de origem
Programa da Prefeitura de Paragominas paga lanche e passagem de volta
Funcionários abordam viajantes quando eles chegam à cidade; sem emprego e onde morar, são convidados a voltar
RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A PARAGOMINAS (PA)
"Você não quer retornar
para sua cidade? Estão aqui a
passagem e o lanche." É assim que agentes da prefeitura de Paragominas (306 km
de Belém) abordam migrantes desempregados e sem escolaridade há cinco anos.
A ação faz parte do programa "Mão Amiga", que convence retirantes a voltar aos
seus locais de origem e já financiou o retorno de 3.486
migrantes entre 2005 e 2008.
Paragominas fica no sudeste do Pará, está na região
de expansão da fronteira
agrícola sobre a Amazônia.
O prefeito Adnan Demachki (PSDB), ideólogo do programa, reclama que a política de povoamento da Amazônia fez com que a população crescesse mais do que a
economia na região.
A taxa de migração tem
caído, diz ele, também por
acordo com empresas locais
que só contratam quem tem
dois anos de Paragominas.
Os migrantes são abordados quando chegam. Ao dizerem que não têm emprego
nem onde ficar, os funcionários propõem pagar a volta.
Caso a pessoa recuse, responde a um questionário socioeconômico e registra o endereço para onde vai.
Quinze dias depois, a equipe bate à porta do migrante e
pergunta: "Conseguiu emprego? Não? Quer passagem
e lanche?".
O prefeito conta da vez em
que a prefeitura constatou
uma explosão de migrantes
de Santa Rita (MA). Mandou
um contrainformante para
lá. Um agente foi a Santa Rita
e, na parada de ônibus, dizia:
"Vim de Paragominas agora
e me lasquei. Não tem emprego, tu vais perder teu tempo".
"Isso é gestão", afirmou
Demachki. Segundo relatório da prefeitura, 71% dos migrantes são analfabetos ou
têm ensino fundamental incompleto e 50% recebem ajuda de programas do governo.
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